masterThesis
Estudo sobre possíveis relações entre anemia carencial e hormônios tireodianos em crianças de creches públicas em Recife, 2004
Registro en:
Ribeiro Neves, Georgeanne; Luíza Martins Aléssio, Maria. Estudo sobre possíveis relações entre anemia carencial e hormônios tireodianos em crianças de creches públicas em Recife, 2004. 2006. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Fisiologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.
Autor
Ribeiro Neves, Georgeanne
Institución
Resumen
Estima-se que 25% da população mundial é atingida pela carência de ferro e os grupos populacionais mais afetados são as crianças de quatro a vinte e quatro meses de idade, os escolares, os adolescentes do sexo feminino, as gestantes e as nutrizes. No Brasil, a anemia ferropriva constitui um importante problema de saúde pública, em face da prevalência nacional, pois atinge 50% dos menores de dois anos e 35% das gestantes. Há no Nordeste uma proporção de anêmicos entre os menores de vinte e quatro meses de 50 a 83,5% .Analisando dois serviços ambulatoriais em Recife, PE encontraram prevalência que variaram de 41 a 77% em faixas etárias inferiores a vinte e quatro meses.Vários estudos têm evidenciado que a anemia ferropriva tem uma implicação severa sobre o crescimento e desenvolvimento infantil, uma vez que é associada a retardos no desenvolvimento cognitivo e psicomotor, a déficits no crescimento e a diminuição da resistência às infecções.Outros fatores também, como os hormônios tireoidianos, estão envolvidos no desenvolvimento do sistema nervoso central e crescimento. Estima-se que 800 milhões de pessoas no mundo têm algum grau de deficiência de iodo.
A glândula tireóide produz dois hormônios relacionados, a tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) que exercem um papel crítico na diferenciação celular durante o desenvolvimento e ajudam a manter a homeostase tumorigênica e metabólica no adulto. A deficiência de iodo pode levar ao hipotireoidismo e cretinismo, que na infância leva ao déficit de crescimento se a deficiência se agravar. Diversos estudos referenciam a deficiência de ferro como co-fator responsável por alterações hormonais encontradas em populações com anemia carencial que apresentaram diminuição dos níveis de T3 e T4. A anemia por deficiência de ferro provoca uma diminuição da atividade da 5 -deiodinase hepática, a qual catalisa a conversão de T4 em T3. Outros estudos sugerem que os mecanismos de controle da atividade dessa enzima são diretamente afetados pela deficiência de ferro, alterando o status do hormônio tireodiano.
Objetivo O objetivo deste estudo é avaliar a relação existente entre anemia por deficiência de ferro e possíveis alterações nos níveis de hormônios tireoidianos em crianças de 6 a 24 meses em creches públicas do Recife, localizadas no distrito sanitário IV e VI, no estado de Pernambuco, na região Nordeste do Brasil.
Materiais e Métodos Foram selecionadas 260 crianças com idade entre 6 a 24 meses para avaliar dados antropométricos, níveis séricos de hemoglobina, hormônios tiroidianos, TSH e albumina e a correlação dos níveis hormonais e albumina com o desenvolvimento antropométrico e a ocorrência de anemia com os níveis circulantes de hormônios tiroidianos, TSH e albumina.
Resultados Os resultados demonstram uma prevalência de anemia de 92,6%, onde apenas 7,4% estão acima de 11g/dl e 28% apresentavam anemia grave.Os níveis dos hormônios tiroidianos mantiveram-se dentro das faixas de normalidades pelo método utilizado nos três níveis de hemoglobina(< 9; 9 a 10,9; > 11). Já a albumina apresentou uma significante diminuição nas crianças com anemia(p=0,0026).Em relação aos dados antropométricos: idade, peso e comprimento e a sua correlação com os hormônios tiroidianos não houve nenhuma alteração estatisticamente significante.
Conclusão Nosso estudo demonstrou que não houve correlação entre os níveis séricos de hemoglobina e função tiroidiana mesmo naqueles portadores de níveis graves de anemia. As crianças analisadas apresentaram níveis normais de T3, T4 e TSH apesar dos altos índices de anemia encontrados na população estudada. Entretanto vários estudos em animais e humanos demonstraram que a deficiência de ferro prejudica o metabolismo da tireóide. A alta prevalência de anemia em crianças de 6 a 24 meses nos leva a questionar se, na ausência de carência de iodo, a função tireoidiana não estaria afetada pelo quadro de anemia da região