dc.description | As Podostemaceae são as fanerógamas dulciaqüícolas menos conhecidas com
relação aos aspectos reprodutivos. Apinagia richardiana é amplamente distribuída
apresentando distribuição disjunta Amazônico-Nordestina. No nordeste do Brasil são
encontradas populações em mananciais associados à Floresta Atlântica. Os objetivos deste
estudo foram: (i) verificar a estratégia fenológica, (ii) descrever sua biologia floral e (iii)
determinar seu sistema reprodutivo e de polinização. A espécie foi estudada no Rio Pirangi,
nordeste do Brasil, onde sua floração inicia em outubro e se estende até janeiro. Correlações
significativas entre número de indivíduos floridos e o fator ambiental precipitação-nivel das
águas nos dois ciclos fenológicos acompanhados (2007, rs = -0,78, p = 0,001 e 2008, rs = -
0,73, p = 0,01), evidenciam a adoção da estratégia fenológica anual e regular, semelhante a
outras Podostemaceae. Apinagia richardiana apresenta padrão fenológico explosivo ou
cornucópia em nível individual e cornucópia em nível populacional em virtude da massiva
produção de flores em períodos de oito dias a seis semanas. Entre os visitantes florais estão
abelhas poliléticas Apis mellifera (Apidae), Augochlora sp. e Augochloropsis sp. (Halictidae),
além de Tabanus sp. (Tabanidae, Diptera) e libélulas (Caegrionidae, Odonata). A baixa
freqüência destes insetos sugere que alogamia por vetores bióticos seja ocasional na espécie.
O aumento significativo no comprimento dos filetes (t = 15,38, g.l. = 47, p = 0,00), atingindo
os estigmas promove a autofertilização. Houve elevado sucesso na formação de frutos (˂90%)
em todos os experimentos do sistema reprodutivo. A espécie é autocompatível não havendo
diferença significativa no número de sementes entre os tratamentos (F = 2,65, g.l. = 2, p =
0,07). Os tubos polínicos penetram as micrópilas dos óvulos em todos os tratamentos, no
entanto, maior quantidade de tubos atingem os óvulos na autopolinização manual, sugerindo,
além da ausência de mecanismos de auto-incompatibilidade, favorecimento da
autofecundação. Os experimentos do sistema de polinização, não apresentaram diferenças
significativas entre si (F = 0,13, g.l. = 2, p = 0,87), o que aliado aos atributos florais, e.g.
flores dorsiventrais, e estruturais, como crescimento agrupado e alta densidade de flores por
unidade de área ( x = 111,35±40,01, 0,10 m2 de área) indicam a intensa ocorrência de
anemofilia como meio reprodutivo. Autogamia e alogamia também ocorrem em A.
richardiana, caracterizando a multiplicidade de estratégias reprodutivas empregadas pela
espécie, respostas a condições ambientais favoráveis a cada uma destas estratégias
reprodutivas | |