Tesis
A marcação diferencial de objeto no português : um estudo sintático-diacrônico
Differential object marking in Portuguese : a syntactic-diachronic study
Registro en:
PIRES, Aline Jéssica. A marcação diferencial de objeto no português: um estudo sintático-diacrônico. 2017. 1 recurso online (151 p.). Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP.
Autor
Pires, Aline Jéssica, 1993-
Institución
Resumen
Orientador: Sonia Maria Lazzarini Cyrino Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem Resumo: O presente trabalho analisa, na história do português, o fenômeno conhecido como "Marcação Diferencial do Objeto", que consiste na marcação do objeto direto por uma preposição. Sobre o português, geralmente, adota-se que o fenômeno ocorre apenas com a preposição a. Para a realização de tal tarefa, são analisados dados do português do período que compreende os séculos XVI a XIX coletados em textos escritos por autores portugueses que constituem o Corpus Histórico do Português Tycho Brahe e o Corpus Post Scriptum (Arquivo Digital de Escrita Quotidiana em Portugal e Espanha na Época Moderna). O trabalho tem dois objetivos principais: (i) a descrição e a análise das características do fenômeno no português e (ii) verificar a influência da língua espanhola sobre o português. Os fatores analisados neste trabalho são aqueles apontados na literatura da área como desencadeadores da marcação diferencial. Dentre esses, está a presença dos traços semânticos de animacidade, definitude e especificidade, e a natureza categorial dos objetos diretos que são marcados diferencialmente. Neste trabalho, investigamos se a presença da Marcação Diferencial do Objeto no português decorre da influência da língua espanhola. Essa hipótese é motivada por alguns fatos, como, por exemplo, a alta frequência de objetos marcados diferencialmente no espanhol e a grande influência que a Espanha exerceu sobre o Portugal, que se iniciou antes mesmo da criação da União Ibérica (1580-1640). Estudos O presente trabalho analisa, na história do português, o fenômeno conhecido como "Marcação Diferencial do Objeto", que consiste na marcação do objeto direto por uma preposição. Sobre o português, geralmente, adota-se que o fenômeno ocorre apenas com a preposição a. Para a realização de tal tarefa, são analisados dados do português do período que compreende os séculos XVI a XIX coletados em textos escritos por autores portugueses que constituem o Corpus Histórico do Português Tycho Brahe e o Corpus Post Scriptum (Arquivo Digital de Escrita Quotidiana em Portugal e Espanha na Época Moderna). O trabalho tem dois objetivos principais: (i) a descrição e a análise das características do fenômeno no português e (ii) verificar a influência da língua espanhola sobre o português. Os fatores analisados neste trabalho são aqueles apontados na literatura da área como desencadeadores da marcação diferencial. Dentre esses, está a presença dos traços semânticos de animacidade, definitude e especificidade, e a natureza categorial dos objetos diretos que são marcados diferencialmente. Neste trabalho, investigamos se a presença da Marcação Diferencial do Objeto no português decorre da influência da língua espanhola. Essa hipótese é motivada por alguns fatos, como, por exemplo, a alta frequência de objetos marcados diferencialmente no espanhol e a grande influência que a Espanha exerceu sobre o Portugal, que se iniciou antes mesmo da criação da União Ibérica (1580-1640). Estudos sobre o português atestam que o fenômeno sofreu uma diminuição na frequência de ocorrência na história (RAMOS, 1992; GIBRAIL, 2003; DÖHLA, 2014; PIRES, 2016). Considerando isso, neste trabalho foram comparados dados dos séculos XVI e XVII em que o objeto direto é marcado pela preposição a e dados em que o objeto direto não recebe nenhuma marcação diferencial, ou seja, casos típicos de objeto direto. Os resultados dos dados analisados indicam que no período em que Portugal esteve sob o domínio da Espanha há um aumento na frequência do fenômeno, entretanto, a distribuição da Marcação Diferencial de Objeto no português se difere da distribuição do fenômeno no espanhol dos séculos aqui analisados. Nos séculos XVI e XVII, o fenômeno ocorria obrigatoriamente no espanhol com pronomes pessoais e nomes próprios, e opcionalmente com DPs humanos (GARCÍA, 1993; COMPANY COMPANY 2003). Nossos resultados revelam que no português dos mesmos séculos, a obrigatoriedade da Marcação Diferencial de Objeto pela preposição a não ocorre em nenhum desses contextos. Atestamos, também, uma alta frequência de ocorrência do fenômeno com DPs, nomes próprios, títulos de nobreza e pronomes plenos com função de objeto direto quando os traços semânticos da animacidade, definitude e especificidade têm presença positiva Abstract: The present work analyzes, in the history of Portuguese, the phenomenon known as "Differential Object Marking", which consists in marking the direct object with a preposition. For Portuguese, it is generally assumed that the phenomenon occurs only with the preposition a. For the accomplishment of this task, Portuguese data from the 16th to the 19th century were analyzed in texts written by Portuguese authors that constitute the Tycho Brahe Parsed Corpus of Historical Portuguese and the Corpus Post Scriptum: a digital archive of ordinary writing (Early Morden Portugal and Spanish). Our work has two main objectives: (i) to describe and analyze the characteristics of the phenomenon in Portuguese and (ii) to verify the influence of the Spanish language on Portuguese. The factors that were analyzed in this work have been pointed out in the literature as triggers of Differential Object Marking. Among these factors are the presence of semantic features of animacy, definiteness and specificity, and the categorial nature of the direct objects that are marked differentially. In this work, we investigated whether the presence of Differential Object Marking in Portuguese is the result of the influence of Spanish. This hypothesis is motivated by some factors, such as the high frequency of marked objects in Spanish and the great influence that Spain exerted on Portugal, which began even before the creation of the Iberian Union (1580-1640). Studies on Portuguese attest that the phenomenon has decreased throughout the history of the language (RAMOS, 1992; GIBRAIL, 2003; DÖHLA, 2014; PIRES, 2016). Considering this, in this work we compared data from the 16th and the 17th century in which the direct object is marked by the preposition a and data in which the direct object receives no differential marking, that is, typical cases of direct object. The results of the analyzed data indicate that in the period in which Portugal was under the dominion of Spain there was an increase in the frequency of the phenomenon, however, the distribution of the Differential Object Marking in Portuguese differs from the distribution of the phenomenon in Spanish of the centuries analyzed here. In 16th to 17th centuries, the phenomenon was mandatory in Spanish with personal pronouns and proper names, and optional with human DPs (GARCÍA, 1993; COMPANY COMPANY, 2003). Our results show that in the Portuguese of the same centuries, these contexts are not obligatory as triggers of the Differential Object Marking by the preposition a. We also attested a high frequency of occurrence of the phenomenon with DPs, proper names, titles of nobility and full pronouns with direct object function when the semantic features of animacy, definiteness and specificity have a positive presence Mestrado Linguistica Mestra em Linguística CAPES