Orientadores: Alexandra Christine Helena Frankland Sawaya, Juliana Lischka Sampaio MayerDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de BiologiaResumo: Dentre as plantas medicinais brasileiras, duas espécies de guaco, Mikania glomerata Spreng. e Mikania laevigata Schultz. (Asteraceae), são popularmente usadas para gripes e resfriados, frequentemente de forma intercambiável. Embora o Formulário Fitoterápico Brasileiro (2011) preconize o uso de folhas das duas espécies em iguais proporções para fornecer extratos usados na fabricação de medicamentos fitoterápicos, diversos estudos relatam haver diferenças na composição química das duas espécies. Estas discrepâncias podem ter sido causadas por erros na identificação por serem morfologicamente similares. Neste trabalho, avaliou-se a morfologia, a anatomia e o perfil químico destas duas espécies, visando encontrar características que as diferenciem. Num primeiro momento realizou-se analises com plantas matrizes de cada espécie, devidamente identificadas, expostas a ambientes com diferentes intensidades luminosas (pleno sol e estufa sob sombrite 70%), depois se avaliou um número maior de indivíduos provenientes do CPQBA e outras fontes, identificados apenas como guaco. Os resultados mostraram que o perfil químico foi o que mais diferenciou as duas espécies, devido um padrão na produção de metabolitos secundários para a M. laevigata e para a M. glomerata. A cumarina e o melilotosideo estavam presentes em todas as amostras de M. laevigata e não foram detectados nas amostras de M. glomerata, além disso, a quantificação dos ácidos clorogênicos e dicafeoilquinicos foi crucial na separação das duas espécies, já que estes se encontram presentes em maior concentração em amostras de M. glomerata que em amostras de M. laevigata. A estrutura anatômica se mostrou conservada, mesmo quando expostas a diferentes ambientes, sendo que as características mais consistentes observadas foram: a ausência de compostos fenólicos no colênquima da nervura central da M. laevigata e presença destes na M. glomerata; observou-se que o formato do parênquima paliçádico é diferente nas duas espécies, quando observado em corte paradérmico. Por fim, a morfologia das folhas sofreu alterações quando expostas ao ambiente de estufa, tanto no tamanho como formato do limbo, porém em pleno sol as características morfológicas se mantiveram constantes, sendo a diferença de luminosidade um fator importante na diferenciação. Concluiu-se que a análise química em conjunto com a morfológica deve ser utilizada na identificação destas espécies, bem como no controle de qualidade das plantas medicinais e da matéria prima para a fabricação de fitoterápicosAbstract: Among the Brazilian medicinal plants, two species of guaco, Mikania glomerata Spreng., and Mikania laevigata Schultz., are popularly used interchangeably for colds and the flu. Even the Brazilian Phytotherapic Formulary (2011) indicates the use of leaves of both species in the same proportions to prepare the extracts used to produce phytotherapic medicines. However, several studies relate difference in the composition of these two species. These discrepancies may be due to mistakes in the identification of these two morphologically similar species. In this work, the chemical, anatomic and morphologic profiles of these two species were evaluated, with the purpose of finding characteristics to differentiate these them. Initially the analyses were performed on previously identified plants, exposed to environments with different intensities of light (full sunlight and inside the greenhouse), later a larger number of individuals, identified only as guaco, and furnished by CPQBA and from other origins, were evaluated. The results showed that the chemical profile was the characteristic which best differentiated the two species, due to the pattern of secondary metabolites for M. glomerata and M . laevigata. Coumarin was present in all the samples of M. laevigata, but absent or in low concentration in samples of M. glomerata. Also, the quantification of chlorogenic and dicaffeoylquinic acids was crucial for the separation of the two species, as they are found in higher concentration in M. glomerata than in M. laevigata samples. The anatomic structure of both species was conserved, even when exposed to different environments, presenting only subtle alterations. Finally, the morphology of the leaves was altered when exposed to different environments. In the greenhouse both the size and shape of the leaves were altered, however, in full sunlight the morphological characteristics were constant; therefore luminosity is an important factor in the differentiation of these species. We conclude that the chemical analysis together with the morphological characteristics should be used in the identification of these species, as well as in the quality control of the medicinal plants and of the raw material for the manufacture of phytotherapic medicinesMestradoFármacos, Medicamentos e Insumos para SaúdeMestra em Ciências