Tesis
O ENEM e a política linguística para o inglês no Brasil : da legislação às representações de coordenadores, professores e alunos em um contexto de ensino
National Examination of High School in Brazil : the law and the representations of coordinators, teachers and students in an educational context
Registro en:
OLIVEIRA, Andrea Barros Carvalho de. O ENEM e a política linguística para o inglês no Brasil: da legislação às representações de coordenadores, professores e alunos em um contexto de ensino . 2017. 1 recurso online (253 p.). Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP.
Autor
Oliveira, Andrea Barros Carvalho de, 1975-
Institución
Resumen
Orientador: Matilde Virginia Ricardi Scaramucci Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem Resumo: O objetivo desta pesquisa foi investigar a política linguística para o inglês em vigor no Brasil, analisando a legislação para o idioma, dois programas institucionais e os efeitos da Prova de Inglês do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nas representações e nas práticas de estudantes, professores e coordenadores oriundos da escola pública. Visto que exames são considerados mecanismos de política linguística (SHOHAMY, 2006), o objetivo estabelecido para este estudo era compreender se o ENEM (um exame de alta relevância no cenário nacional) legitimava as representações acerca da língua inglesa (LI) compartilhadas socialmente e se o exame fomentava práticas de estudo relacionadas ao idioma. De acordo com a concepção teórica adotada nesta tese, baseada em Spolsky (2004) e Shohamy (2006), a compreensão da política linguística não deve se restringir ao exame do que está manifesto na legislação e nos programas institucionais, visto que a política real ou, de fato, é colocada em prática por meio de mecanismos, ou seja, de recursos implícitos que vão desde placas de trânsito à exames de línguas. Nessa concepção, a análise da política linguística para uma língua envolve três aspectos: as representações da comunidade em termos dos usos, do valor e de como a língua deve ser ensinada; os mecanismos e as práticas sociais em que o idioma está presente. Considerando essas premissas, a geração de dados foi realizada com estudantes de um curso pré-vestibular comunitário e com professores e coordenadores de inglês da rede pública estadual. Do ponto de vista metodológico, esta é uma pesquisa interpretativista em que se utilizou a entrevista semi-estruturada com o objetivo de realizar um levantamento tanto das representações dos participantes sobre o tema proposto quanto das práticas linguísticas porventura adotadas. O conceito de representação, entendido como uma forma de produzir significado para as coisas e eventos do mundo por meio da língua(gem) (HALL, 2007), fundamentou a análise das entrevistas. Além das entrevistas, a pesquisa também envolveu a análise documental, na qual o foco recaiu sobre os itens da prova de Inglês do ENEM (2016), sobre a legislação e sobre dois programas nacionais relacionados à língua inglesa e seu ensino. Nessa análise, verificou-se que a Reforma do Ensino Médio, ao instaurar a obrigatoriedade do ensino de inglês na esfera legal, estabeleceu uma mudança na Política Linguística para esse idioma, que passou a ser explícita. A análise da Prova de Inglês do ENEM mostrou que os itens são elaborados com base em sub habilidades de leitura elementares e, por isso, não representam uma boa avaliação de leitura, que envolveria a ativação de habilidades mais complexas de compreensão geral, de compreensão de implícitos e de avaliação crítica dos textos. Os dados empíricos revelaram pontos de convergência entre as representações dos estudantes, professores e coordenadores. Embora, os participantes atribuam um alto valor à língua inglesa, relacionando-a ao universo do trabalho, reiteram a ideia corrente de que "não se aprende inglês na escola pública". Não houve menção a práticas de estudo/ensino relacionadas à Prova de inglês do ENEM nas falas dos estudantes, nem dos professores. Desta forma, o pressuposto inicial de que a presença da língua inglesa no ENEM posicionaria o exame como um mecanismo de política linguística não se confirmou, uma vez que não foram verificados efeitos retroativos ou um impacto significativo da prova de inglês do ENEM nas representações e nas práticas dos participantes deste estudo Abstract: The objective of this research was to investigate the language policy for English in Brazil through the analysis of language related laws, official programs and the effects of the English test of National Examination of High School (ENEM) in the representations and language practices of students, teachers and coordinators from state schools. Considering that exams are mechanisms of language policy (SHOHAMY, 2006), the purpose of this study was to understand if ENEM (a high stakes exam in Brazilian educational context) legitimated socially shared representations about English language and stimulated study practices related to this language. According to the work done by Spolsky (2004) and Shohamy (2006), in which this thesis is based, the comprehension of language policy goes beyond the analysis of what is manifested in laws and official programs, since the real policy, called de facto policy, is put into practice through mechanisms, namely, implicit resources such as exams, traffic signs, and others. In this conception, the analysis of the language policy includes three aspects: the representations of the community about the language uses, value and about how this language should be taught; the mechanisms and the social practices in which the language is included. Based on these principles, data was collected from students enrolled at a preparatory course for university entrance examinations, with English teachers and coordinators from state public schools. Considering the methodological aspect, this is a qualitative research in which the semi- structured interview was used with the purpose of eliciting representations and language practices of the participants about the topic. The analysis of the interviews was based on the theoretical concept of representation, which is defined as a way of giving meaning to things and events in the world through language (HALL, 2007). Besides the point of view of the participants, the research also involved an analysis of the English Test of ENEM (2016), of parts of the educational law and of two educational programs related to the teaching of English in schools. This analysis showed that the High School Level Reform, which legally established English as a mandatory school subject, positioned the Language Policy for English as an explicit policy. The analysis of the English Test of ENEM revealed that the items are based on elementary reading abilities, thus it is not a good instrument to evaluate reading ability, which involves general comprehension abilities, being able to understand implicit ideas and to process content in a critical manner. The analysis of empirical data showed some agreement points in the representations of students, teachers and coordinators. Although participants attribute a high status to English language, relating it to work positions, they believe "it is not possible to learn English in public schools". There was no mention to language practices related to ENEM in the speech of students and teachers. Therefore, the assumption that the presence of English language at ENEM would place the exam as a language policy mechanism was not confirmed, since there were no washback effects, neither a significant impact of the English test of ENEM in the representations and practices of the participants of this research Doutorado Linguagem e Educação Doutora em Lingüística Aplicada CAPES
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