Tesis
Utilização de biomarcadores de dose interna para avaliação da exposição ao chumbo e suas correlações com anemia e polimorfismos geneticos em crianças residentes em uma região supostamente não contaminada
The use of internal dose biomarkers for assessment of lead exposure and its correlations with anemia and genetic polymorphisms from children living in uncontaminated area
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Autor
Almeida, Glauce Regina Costa de
Institución
Resumen
Orientador: Raquel Fernanda Gerlach Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba Resumo: Devido ao aumento das evidências de que o desenvolvimento mental das crianças pode ser afetado quando elas apresentam concentrações de chumbo no sangue < 10 $g/dL, estudos a respeito de novos biomarcadores de dose interna são necessários, principalmente para se obter informações em relação à exposição de populações residentes em áreas sem contaminação conhecida pelo chumbo. No Brasil, não existe programa nacional para detecção de crianças contaminadas por este metal, as quais são as mais vulneráveis aos efeitos neurológicos resultantes da exposição crônica a baixas concentrações de chumbo, entretanto, alguns estudos mostraram altas concentrações de chumbo no esmalte superficial de dentes decíduos de crianças brasileiras. Os objetivos deste estudo foram: 1) determinar e correlacionar a concentração de chumbo de crianças residentes no Bairro Campos Elíseos de Ribeirão Preto, no sangue total, soro, saliva e amostras de esmalte superficial in vivo; 2) comparar a concentração de chumbo encontrada nos diferentes biomarcadores de acordo com a presença ou ausência de anemia; 3) avaliar a influência dos polimorfismos da ALAD e VDR nos níveis de chumbo dos diferentes biomarcadores. 444 crianças, com idades entre 6 e 8 anos, participaram deste estudo. Amostras de sangue, soro, saliva total, saliva submandibular e da parótida foram coletadas. Duas microbiópsias de esmalte sucessivas foram realizadas em dente decíduo e permanente, nas quais o fósforo foi determinado colorimetricamente, para calcular sua profundidade. As concentrações de chumbo no sangue, soro, saliva e esmalte dental foram determinadas por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICPMS). O limite de detecção (LD) do método foi 0,03 $g/L e 0,02 $g/L para o soro e saliva, respectivamente. A concentração de hemoglobina foi determinada pelo contador de células Micros - ABX. Os genótipos para os polimorfismos da ALAD e VDR foram determinados por PCR e enzimas de restrição. Para a realização das análises de correlação, as crianças foram divididas em 2 grupos de acordo com a concentração de chumbo no sangue (< 4 and = 4 $g/dL) e no esmalte dental (< 400 e = 400 $g/g). O nível de significância utilizado em cada uma das estatísticas foi de 0,05. Os níveis de chumbo no sangue e no soro variaram de 0,2 a 9,4 (mediana, 2,1) $g/dL e < LD a 2,6 (mediana, 0,4) $g/L, respectivamente. Dez por cento das crianças apresentaram concentração de chumbo no sangue = 4 $g/dL. Os meninos mostraram quantidades de chumbo no sangue total significantemente maiores do que as meninas (2,3 versus 2,0 $g/dL, p<0.0003). As concentrações de chumbo na saliva total, sublingual e parótida foram 1,7; 1,4 e 1,3 $g/L, respectivamente. Não houve correlação entre a concentração de chumbo no sangue e soro e nem entre chumbo no sangue e saliva. Também não encontramos correlação entre concentração de chumbo no soro e saliva. Nas profundidades de 3,1 e 7,0 $m, a mediana da concentração de chumbo, para a primeira e segunda microbiópsias nos decíduos, foi 109,3 e 45,9 $g/g, respectivamente. Para a primeira e segunda microbiópsias nos permanentes, a mediana da concentração de chumbo foi de 308,3 e 99,7 $g/g, respectivamente, e a mediana de suas profundidades 2,9 e 6,0 $m, respectivamente. Não houve correlação entre concentração de chumbo no sangue e no esmalte dental. Nove (n= 35) e 3% (n= 12) das crianças apresentaram concentração de chumbo = 400 $g/g na superfície do esmalte decíduo, para a primeira e segunda microbiópsias, respectivamente, e 33 (n= 92) e 7% (n= 18) tiveram chumbo = 400 $g/g no esmalte permanente, para a primeira e segunda microbiópsias, respectivamente. Uma forte e significante correlação entre chumbo no plasma e no esmalte foi encontrada apenas para crianças que possuíam concentração de chumbo no esmalte superficial = 400 $g/g (r= 0,65, p< 0,0001, para decíduos e 0,51, p< 0,0001, para permanentes). Além disso, não encontramos correlação entre chumbo no esmalte e chumbo nas salivas. Nenhuma diferença estatística foi encontrada entre a distribuição dos alelos da ALAD e VDR (para os polimorfismos BsmI, ApaI e FokI) e chumbo no sangue, soro e esmalte. Nossos resultados mostram uma exposição indevida ao metal na população de 6-8 anos, residente no bairro dos Campos Elíseos (Ribeirão Preto, SP), com 10% das crianças com concentração de chumbo no sangue entre 4,0 e 9,4 $g/dL. Uma forte e significativa correlação foi encontrada somente entre a concentração de chumbo no soro e no esmalte dental, nas crianças que foram mais expostas ambientalmente ao metal. Os dados sugerem que as fontes em que as crianças estão expostas ao chumbo merecem mais estudos no Brasil, assim como dados de concentrações do metal no sangue total de crianças mais novas, pois já está descrito que os níveis de chumbo no sangue < 10 $g/dL podem causar danos neurológicos às crianças. Abstract: With increasing evidence of adverse health effects of lower levels of lead (below 10 $g/dL in whole blood), studies on novel internal dose biomarkers are needed. In Brazil, some studies showed high amounts of lead in the superficial enamel of deciduous enamel. The aim of this study was 1) to determine and to correlate the lead concentration in children living in Campos Elíseos district (in Ribeirao Preto, SP, Brazil), in whole blood (BL), serum, saliva, and surface enamel; 2) to correlate lead concentrations found using these biomarkers with anemia; 3) to evaluate the influence of ALAD and VDR polymorphisms on lead concentrations in these biomarkers. 444 children aged 6-8 years were enrolled in this study. BL, serum, parotid, submandibular and whole saliva were collected in trace element free tubes. Two successive acid etch enamel microbiopsies were performed on one deciduous and one permanent teeth. Phosphorus was colorimetrically determined to calculated microbiopsy depth. Lead concentrations were determined by inductively coupled plasma mass spectrometry (ICPMS). The detection limit (DL) was 0.03 $g/L (serum) and 0.02 $g/L (saliva). The hemoglobin level was determined by an automated cell counter (Micros - ABX). Genotypes for the ALAD and VDR polymorphism were determined by PCR and restriction fragment length digestion. For correlations, children were subdivided in two groups according to BL concentration (< 4 and = 4 $g/dL) and enamel lead concentration (< 400 and = 400 $g/g). Statistical significance was accepted when p< 0.05. BL and serum lead levels ranged from 0.2 to 9.4 (median, 2.1) $g/dL and < DL to 2.6 (median, 0.4) $g/L, respectively. 10% of the children showed BL above 4 $g/dL.
Boys showed higher BL concentrations than girls (2.3 versus 2.0 $g/dL, p< 0.0003). Lead concentrations in whole, sublingual and parotid saliva were 1.7, 1.4 and 1.3 $g/L, respectively. No correlations between BL and serum, and between BL and saliva lead concentrations were found, nor between serum lead versus whole, sub and parotid lead values. The median lead concentrations found in the first and second deciduous tooth enamel microbiopsy were 109.3 and 45.9 $g/g, respectively, when median biopsy depths were 3.1 and 7.0 $m. For the first and second microbiopsies in permanent teeth, median lead concentrations were 308.3 and 99.7 $g/g, respectively, and median biopsy depths were 2.9 and 6.0 $m, respectively. There was no correlation between BL and enamel lead. Nine % (n= 35) and 3% (n= 12) of the children showed surface enamel lead levels in the first and second deciduous enamel microbiopsy = 400 $g/g, respectively, and 33% (n= 92) and 7% (n= 18) had lead = 400 $g/g in the first and second permanent enamel microbiopsies, respectively. A significant correlation between serum and enamel lead levels was found for children with surface enamel lead concentrations = 400 $g/g (r= 0.65, p< 0.0001 for deciduous and 0.51, p< 0.0001 for permanent teeth). No correlation was found between lead content in enamel and saliva. No difference between the distribution of ALAD alleles and among VDR alleles (for BsmI, ApaI and FokI polymorphisms) and BL, serum and enamel lead levels was found. In conclusion, our data showed an undue exposure in the study population of 6-8-yearsold children living in Campos Elíseos (Ribeirão Preto, SP), as observed in the BL and enamel samples. We found a strong correlation between serum and enamel lead levels only for children who were probably more exposed to lead. Our data suggests that sources of exposure to lead by children deserve further studies in Brazil, as well as the BL lead levels of younger children. Doutorado Histologia e Embriologia Doutor em Biologia Buco-Dental