Tesis
A primeira pessoa envergonhada em Contemplação, de Franz Kafka
The ashamed first person in Meditation, by Franz Kafka
Registro en:
DONOSO, Tiago Basílio. A primeira pessoa envergonhada em Contemplação, de Franz Kafka. 2016. 1 recurso online (166 p.). Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP.
Autor
Donoso, Tiago Basílio, 1981-
Institución
Resumen
Orientador: Fabio Akcelrud Durão Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem Resumo: O intuito deste trabalho é lidar com a aporia da obra de Kafka, como exposta por Adorno: ao mesmo tempo em que reduz a distância estética, não permite a identificação do leitor. Essa contradição manifesta ainda outra, a de uma obra que é hermética e também livremente associada às mais diversas matrizes teóricas. Foi possível encontrar a origem desse dilema no próprio afeto essencial à obra de Kafka, o asco. Munido do asco, o leitor não consegue reconhecer aquilo que previamente já havia reconhecido, a incômoda semelhança com aquilo que lhe parece criticável. O constante movimento de repulsa e atração, tanto internamente quanto no procedimento de leitura, é obra de uma muito peculiar religação entre o capitalismo e sua origem, entre a consciência burguesa e a reforma teológica de que foi corolário. Se a Reforma da teologia cristã deu origem ao capitalismo enquanto cultura, em Kafka o capitalismo, e nomeadamente o indivíduo burguês, força o caminho reverso e faz ressurgir do trabalho, da sobriedade, da indiferença burguesas os rudimentos de uma teologia do capitalismo, com fundo protestante. A imagem que emerge desse religamento é tão incômoda, pela semelhança, que a recusamos pelo nojo. Desse modo, a análise feita aqui pode responder à aporia da aproximação e da distância, ao mesmo tempo em que evita o erro de leitura no qual os personagens de Kafka são vistos simplesmente como vítimas. Algozes e vítimas, os personagens de Contemplação se ocultam por trás da primeira pessoa que, envergonhada, se transforma em pronome indefinido Abstract: The objective of this work is to deal with Kafka¿s puzzle, as exposed by Adorno: at the same time that reduces aesthetic distance, does not allow the reader to identify himself with the work. This contradiction manifests yet another, of a work that is hermetic and also freely associated to several theoretical constructs. It was possible to find the source of this dilemma in the main affect in Kafka¿s ouvre, the disgust. With it, the reader is not able to recognize that which was already recognized, the puzzling similitude with that that seems censurable. The constant movement of repulsion and attraction, internally as in relation to the reader, is the work of a specific relinking between capitalismo and its origins, between the bourgeois conscience and the theological reform that resulted in it. If the Reform of the christian theology gave rise to capitalism as culture, in Kafka capitalism, namely the bourgeois individual, forces itself on the opposite way, creating from work, sobriety, and bourgeois indifference the rudimentos of a theology of capitalism, in a protestant manner. The image that is outlined is so uncomfortable, by its similitude, that we turn it aside with disgust. Thus, the analysis made here can respond to the puzzle of distancing and aproximation, at the same time that avoids the mistake of reading Kafka¿s characters as victims. Tormentor and victim, the characters in Betrachtung hide themselves behind the first person that, ashamed, changes itself in the indefinite pronoun Mestrado Teoria e Critica Literaria Mestre em Teoria e História Literária CAPES