Tesis
Clandestina, a vida de Iara Iavelberg em dois roteiros
Clandestine, the life of Iara Iavelberg in two scripts
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Autor
Pamplona, Mariana
Institución
Resumen
Orientador: Antonio Fernando da Conceição Passos Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes Resumo: Esta dissertação de Mestrado consiste na elaboração de dois roteiros (um de ficção e outro de documentário) sobre a guerrilheira Iara Iavelberg. O roteiro de ficção vai narrar a vida de Iara, uma das líderes do movimento estudantil dos anos 60. Estudante de Psicologia da USP e, posteriormente, professora do cursinho do Grêmio e da própria Universidade, Iara militou na POLOP (Organização Revolucionária Marxista-Política Operária), VPR (Vanguarda Popular Revolucionária, organização simpatizante de Che Guevara), VARPALMARES e no MR-8. Durante o período mais radical da ditadura militar no país, ela entrou para a clandestinidade, participou ativamente da luta armada e viveu um intenso romance com Carlos Lamarca. Iara foi cruelmente assassinada em agosto de 1971, mas na época, a versão oficial foi que ela teria cometido suicídio durante um cerco policial em Salvador (BA). Tanto os documentos de sua autópsia, quanto os que relatam a cena do crime desapareceram. Este é um filme de personagem, que acompanha a trajetória de Iara sem querer dar explicações didáticas sobre o momento político. Os fatos históricos são mostrados quando estes se relacionam diretamente com o movimento dos personagens, como é o caso da montagem do cerco que provocou a queda do aparelho de Iara. O longa vai se tornando cada vez mais claustrofóbico e mais centrado nas oscilações emocionais de Iara, na medida em que o cerco vai se fechando, e ela e Lamarca ficam cada vez mais procurados e isolados. E, sobretudo, é um filme de amor, dentro do qual as cartas de Iara e Lamarca são fundamentais na estruturação do roteiro. No roteiro, o personagem Iara é construído por intermédio da intersecção de múltiplas representações, entre elas: contexto político e ideológico, perfil biográfico, vida familiar, relações interpessoais e vida afetiva. Também foram utilizados: fotos de arquivo, trechos de filmes, jornais e
noticiários da época; e fragmentos do diário de Carlos Lamarca, com cartas escritas para Iara, pouco tempo antes da morte do capitão. Nos últimos anos de suas vidas Iara e Lamarca se apaixonaram. Nesta época Iara passou por diversos aparelhos, localizados em diferentes cidades do Brasil, utilizou uma infinidade de nomes de guerra e disfarces, fez treinamento no Vale do Ribeira, soube da tortura e morte de muitos amigos. Apesar do medo e da evidente desestruturação que o regime militar impôs aos movimentos revolucionários, Iara optou junto com Lamarca a ficar no país e resistir até o fim. O roteiro do documentário Suicídio? é construído a partir de uma linha narrativa principal, que trata das questões sobre a exumação do corpo de Iara Iavelberg, e investiga as reais circunstâncias de sua morte; que jamais foram de fato esclarecidas: nem através da imprensa, e muito menos através dos livros. Este filme não será uma biografia sobre uma personalidade histórica; mas uma investigação, um processo de busca atual e inédito que busca esclarecer para o grande público um episódio que aconteceu na história brasileira, no auge da ditadura militar e que até hoje permanece cercado de mentiras, lacunas e contradições. Todos os livros sobre este tema publicados até hoje (que foram na sua grande maioria escritos nos anos 80), não fazem uma investigação detalhada sobre a morte da guerrilheira. E mais: de acordo com estas publicações, Iara se suicidou; fato que não é compatível com o recente resultado da exumação de seu corpo. Como exemplo destas publicações estão os livros: Lamarca, de Emiliano José; Iara, de Judith Patarra; e A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari; no qual apesar do autor de maneira sutil não se comprometer com a versão de suicídio, ele confirma a versão da ditadura ao aceitar a história de um suposto garoto que encontra Iara em um quarto. Também no filme Lamarca, de Sérgio Rezende, a personagem de Iara (Clara) comete suicídio. Esta linha narrativa do roteiro também é composta por depoimentos de personalidades históricas que conviveram intimamente com Iara, principalmente na sua fase de mudança da VPR para o MR-8, e da viagem para Salvador (local no qual ela morreu). Este período final da vida de Iara foi escolhido pelo fato dele nunca ter sido retratado com exatidão. Através dos depoimentos, serão investigados os motivos pelos quais Iara e Lamarca viajaram para a Bahia, como foi organizado este deslocamento e porque o aparelho de Iara caiu. Os entrevistados também vão falar sobre como era a personalidade dela, desenhando assim uma segunda linha narrativa que surgirá no filme sempre fragmentada, intercalada com o desenvolvimento das investigações sobre a morte da guerrilheira. Além disso, fazem parte desta segunda linha, fotos de Iara e material de arquivo da época (imagens e fotos). Abstract: This Master's dissertation consists of the elaboration of two scripts (one is a fiction and the other one is a documentary) about the guerrilla fighter Iara Iavelberg. The fiction script will narrate the life of Iara, one of the leaders of the student movement in the 60's. A Psychology student at USP and later a teacher of the preparation course of Grêmio and the University itself, Iara was active at POLOP (Working Political-Marxist Revolutionary Organization), VPR (Popular Revolutionary Vanguard), a Che Guevara sympathizing organization), VAR-PALMARES and at MR-8. During the most radical period of military dictatorship in the country, she entered clandestinity, participated actively in the armed fight and had an intense affair with Carlos Lamarca. Iara was cruelly murdered in August 1971, but back then the official version was that she had committed suicide during a police raid in Salvador (BA). Both the documents related to her autopsy and the ones that report the crime scene have disappeared. This is a movie on the character, which follows the path of Iara without the intention of giving
didactic explanations about the political moment. The historical facts are shown when they relate directly to the movement of the characters, which is the case of the raid that caused the fall of Iara's hiding place. The full-length movie becomes increasingly more claustrophobic and more focused on Iara's emotional oscillations as the raid closes up, and Lamarca and herself are more and more wanted and isolated. And it is mostly a love story, in which Iara's and Lamarca's letters are essential to structure the script. In the script, Iara's character is built through the intersection of multiple representations, to wit: political and ideological context, biographic profile, family life, interpersonal relationships and love life. The following were also used: photos in files, parts of movies, newspapers and news from that time; and fragments of Carlos Lamarca's journal, with letters written to Iara shortly prior to the captain's death. In the last years of their lives, Iara and Lamarca fell in love. At that time, Iara went through several hiding places, located in different cities of Brazil, used countless nicknames and disguises, took a
training course at Vale do Ribeira, heard about the torture and death of many friends. Despite the fear and clear collapse the military regime imposed to the revolutionary movements, Iara chose, together with Lamarca, to stay in the country and fight to the end. The script of the documentary Suicide? is built based on a main narrative line, which discusses issues related to Iara Iavelberg's body exhumation and investigates the true circumstances of her death; which were never actually clarified: not by the press and much less by the books. This movie will not be a biography of a historical personality; it will be an investigation, an up-to-date and never seen search process that tries to clarify to the audience an episode that took place in Brazilian history, at the height of the military dictatorship and that up until today remains surrounded by lies, gaps and contradictions. All books on this theme published up to today (which were mostly written in the 80's) are not part of a detailed investigation on the death of the guerrilla fighter. Furthermore, according to these publications, Iara committed suicide; a fact that is not compatible with the recent exhumation of her body. As an example of these publications are the books: Lamarca, by Emiliano José; Iara, by Judith Patarra; and A Ditadura Escancarada, by Elio Gaspari; in which, although the author subtly does not commit to the suicide version, he confirms the dictatorship story when he accepts the story of an alleged boy that finds Iara in a room. Also in the movie Lamarca, by Sérgio Rezende, Iara's character (Clara) commits suicide. This narrative line of the script is also composed of testimonies from historical personalities that were close to Iara, especially in her phase of change from VPR to MR-8, and the trip to Salvador (where she died). This final period of Iara's life was chosen due to the fact that it was never accurately portrayed. Through testimonies, the reasons why Iara and Lamarca traveled to Bahia will be investigated, as well as how this displacement was organized and why Iara's hiding place fell down. The people interviewed will also describe her personality, thus outlining a second narrative line which will appear in the movie always fragmented, merged with the development of the investigations related to the fighter's death. Besides, photos of Iara and material filed from that time (images and photos) are also part of this second line. Mestrado Mestre em Multimeios