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O Mercado De Trabalho Antes De 1930: Emprego E "desemprego" Na Cidade De São Paulo
Registro en:
Novos Estudos Cebrap. , v. , n. 80, p. 91 - 106, 2008.
1013300
2-s2.0-50049095664
Autor
Barbosa A. de F.
Institución
Resumen
This article seeks to depict the city of São Paulo's labour market in the period before the 1930s, sheding light on the social groups that shaped its formation and stressing its main characteristics in terms of occupational structure. It describes a situation of extreme labour instability and flexibility, which are somewhat linked to a structural and congenital excess of labour force.
80 91 106 Este artigo é uma versão resumida de parte do capítulo 3 da tese de doutoramento do autor, defendida no Instituto de Economia da Unicamp, em dezembro de 2003, com o título A formação do mercado de trabalho no Brasil: da escravidão ao assalariamentoVelho, O.G., (1976) Capitalismo autoritário e campesinato, pp. 118-119. , São Paulo: Difel Ribeiro, D., (1995) O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil, pp. 300-302. , e, São Paulo: Companhia das Letras Simão, A., Sindicato e Estado: Suas relações na formação do proletariado de São Paulo (1966) São Paulo: Dominus, p. 9 Fernandes, F., (1978) A integração do negro da sociedade de classes, 1, p. 19. , São Paulo: Ática Singer, P., (1994) A formação da classe operária, p. 67. , São Paulo: Atual Utilizamos metodologia de Paulo Renato Souza (Empregos, salários e pobreza. São Paulo: Hucitec, 1980, pp. 25-28). O autor estima a participaçao das atividades não-organizadas pela diferença entre os censos demográficos e econômicosVianna, O., (1988) História social da economia capitalista no Brasil, 1, pp. 233-235. , Belo Horizonte: Itatiaia Graham, D., Migração estrangeira e a questão da oferta de mão-de-obra no crescimento econômico brasileiro (1973) Estudos econômicos, 3 (1), p. 44. , São Paulo, abr Censo de 1893, apud Fausto, Bóris. Trabalho urbano e conflito social (1890-1920). São Paulo: Difel, 1976, p. 30No Censo realizado na cidade de São Paulo, em 1893, verifica-se que 85,5% dos arresãos eram estrangeiros (Cf. Maram, Sheldon. Anarquistas, imigrantes e o movimento operário brasileiro, 1890-1920. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 15)Essa queda do percentual de imigrantes nas primeiras décadas do século XX oculta o fato de que parte expressiva dos brasileiros ocupados eram filhos de estrangeirosPaoli, Maria Célia. Trabalho e conflito na era do Estado: direitos sociais, cidadania e leis do trabalho no Brasil: de 1930 a 1950. Londres: tese de doutoramento, London University, 1984, pp. 54, 57-58. Nesse período, alguns sapateiros, pintores, pedreiros, ourives, relojoeiros e alfaiates ainda possuíam os próprios instrumentos de produção, porém haviam perdido a autonomia sobre a elaboração do produto, aparecendo como subordinados direta e formalmente ao capitalBaltar, Paulo Eduardo de Andrade (2003) Salários e preços: Esboço de uma abordagem teórica, pp. 186-187. , Campinas: Instituto de Economia/Unicamp Castel, R., (1998) As metamorfoses da questão social: Uma crônica do salário, pp. 415-416. , Petrópolis: Vozes Fernandes, F., (1975) Sociedade de classes e subdesenvolvimento, p. 36. , Rio de Janeiro: Zahar Editores Partimos da concepção de que o exército de reserva compõe o segmento ou a franja da superpopulação relativa diretamente mobilizável pelo capital (Souza, Paulo Renato Costa. Salário e emprego em economias atrasadas. Campinas: Instituto de Economia, 1999, pp. 94-96)Tal conceito é utilizado por Maria Alice Rosa Ribeiro em O mercado de trabalho na cidade de São Paulo nos anos vinte (In: Silva, Sérgio e Szmrecsányi, Tamás (orgs.). História econômica da Primeira República, São Paulo: Edusp, 2002, pp. 359-360)No presente trabalho, definimos como população sem trabalho aqueles trabalhadores enquadrados pelo Censo de 1920 nas atividades mal definidas. Trata-se de um contingente da PEA que disponibiliza a sua força de trabalho e não, possui ocupação definida, oscilando entre o não-emprego e o emprego residual. Tal opção metodológica justifica-se quando se analisam as instruções para o preenchimento do referido censo: declarar bem explicitamente o oficio, a ocupação ou o meio de vida, embora esteja eventualmente desempregado na ocasião de preencher a lista Recenseamento Geral de 1920. Rio de Janeiro: Diretoria Geral de Estatística, Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, 1926, 1, Anexos, p. 127, Já as pessoas que aparecem sob o critério de profissão não-declarada e sem profissãCarelli, M., (1919) Carcamanos e comendadores, os italianos de São Paulo: Da realidade à ficção, p. 36. , São Paulo: Ática, 1985 Vangelista, C., (1850) Os braços da lavoura: Imigrantes e caipiras na fomação do mercado de trabalho paulista, p. 263. , São Paulo: Hucitec, 1991 Castel, Os braços da lavoura: Imigrantes e caipiras na fomação do mercado de trabalho paulista, p. 419 Simão, Os braços da lavoura: Imigrantes e caipiras na fomação do mercado de trabalho paulista, p. 17. , e 36 Pinto, Maria Inez Machado Borges (1984) Cotidiano e sobrevivência: A vida do trabalhador pobre na cidade de São Paulo, pp. 61-66. , São Paulo: tese de doutorado, Departamento de História, FFLCH-USP Dados do Censo de 1920 para o estado de São Paulo (Apud Simão, op. cit., p. 47)Os italianos representavam 4/5 dos ocupados na construção civil (ibidem, p. 34)Trata-se aqui do uso de dois conceitos (mercado de trabalho interno e externo) da economia institucionalista norte-americana, elaborados para o periodo pós-Segunda Guerra Mundial nos Escados Unidos.Autili- zação desses conceitos na realidade brasileira das primeiras décadas do século XX nos auxilia a elucidar a natureza desse mercado de trabalho emergente e fragmentado, em que o mercado externo respondia por quase a totalidade da mão-de-obra, inclusive no dinâmico setor têxtil, e o mercado interno era composto por algumas categorias de trabalhadores qualificados em oficinas de base artesanal. Sobre os conceitos utilizados, ver Dunlop, John. Organizations and human resources: internal and external markets. In: Kerr, Clark e Staudohar, Paul orgs, Labor economics and industrial relations: market and institutions. Cambridge: Harvard University Press 1994, pp. 378-380 e 391-392Dependendo da empresa, também conseguiram a jornada de oito horas os sapateiros, os trabalhadores em madeira, os gráficos, as costureiras, chapeleiros e marmoristas (Paoli, op. cit., p. 52)A metodologia elaborada por José Reginaldo Prandi para a Salvador dos anos 1970 diferencia autônomos regulares de irregulares. Segundo Prandi, o autônomo regular dispõe de um Capital mínima e de algumas habilidades especiais. Já o irregular, depende quase exclusivamente da força fisica e da disposição par realizar pequenas e diversificadas tarefas de baixa ou nula qualificação ocupacional (Prandi, José Reginaldo. Trabalhadores por conta própria em Salvador. In: Souza, Guaraci de e Faria, Vilmar (orgs.). Bahia de todos os pobres. Petrópolis: Vozes, 1980, pp. 129-130Guimarães, N.A., Trabalho em transição: Uma comparação entre São Paulo, Paris e Tóquio (2006) Novos Estudos, (76), pp. 164-165,176-177. , nov Carelli, Novos Estudos, p. 48 Pinheiro, Paulo Sérgio. Classes médias urbanas: formação, natureza, intervenção na vida política. In: Fausto, Bóris (org.). História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difel, 1977, t. 3, 2, 1977, pp. 12-14Nesse grupo, encontravam-se os trabalhadores domésticos, os autônomos irregulares do comércio e do setor serviços, os quase-assalariados de pequenas empresas e parcela dos artesãos do setor não-organizado da indústria, os quais se diferencia-vam do restante pelo seu maior nível de especialização c maior poder de barganha perante o empregadorFloreal, S., Ronda da meianoite (2003) São Paulo: Paz e Terra, p. 21 Singer, São Paulo: Paz e Terra, pp. 1994,69 Pinto, São Paulo: Paz e Terra, pp. 32-33 Castaldi, Carlo. O ajustamento do imigrante à comunidade paulistana: estudo de um grupo de imigrantes italianos e de seus descendentes. In: Hutchinson, Bertram (org.). Mobilidade e trabalho: um estudo na cidade de São Paulo. Rio de Janeiro: Inep/Ministério da Educação e Cultura, 1960, p. 305Matos, Maria Izilda Santos de (2002) Cotidiano e cultura: História, cidade e trabalho, pp. 75-80. , Bauru: Edusc Beiguelman, P., (2002) Os companheiros, de São Paulo: Ontem e hoje, p. 95. , São Paulo: Cortez Americano, J., (1895) São Paulo naquele tempo, pp. 111-122. , São Paulo: Saraiva, 1957 (1957) São Paulo nesse tempo (1915-1935), pp. 133-150,148. , Idem, São Paulo: Saraiva Fernandes, F., Sociedade de classes e subdesenvolvimento, p. 65. , op. cit, p Bourdieu, P., (1981) A economia das trocas simbólicas, p. 7. , São Paulo: Perspectiva Hahner, J., (1870) Pobreza e política: Os pobres urbanos no Brasil, p. 199. , Brasilia: EdUnb, 1989 Matos, Pobreza e política: Os pobres urbanos no Brasil, pp. 77-78,83 Em alguns ramos de produção, em que se destacavam trabalbadores qualificados como chapeleiros, charuteiros e tipógrafos, a sua demmda de trabalho estava inversamente relacionada à tecnologia (Ver Hahner, op. cit., p. 200)Pinto, Pobreza e política: Os pobres urbanos no Brasil, p. 58. , e 83 Americano, J., São Paulo naquele tempo (1895-1915), p. 64. , op. cit, p Freyre, G., (2000) Ordem e progresso, p. 288. , Rio de Janeiro: Record Fernandes, F., Sociedade de classes e subdesenvolvimento, p. 38. , op. cit, p Prandi, Sociedade de classes e subdesenvolvimento, p. 139 Oliveira, Francisco de.A economia brasileira: crítica à razão dualista. Petropolis: Vozes, 1987, pp. 24, 34-35Hahner, Sociedade de classes e subdesenvolvimento, p. 203 Simão, Sociedade de classes e subdesenvolvimento, p. 31 Maram, Sociedade de classes e subdesenvolvimento, p. 15 Nesse sentido, ver argumentação de George Reid Andrews em Negros e brancos em São Paulo (1888-1988). Bauru: Edusc, 1998, p. 122Hahner, Sociedade de classes e subdesenvolvimento, p. 208 Morse, R., (1970) Formação histórica de São Paulo: De comunidade à metrópole, pp. 265-291,290. , São Paulo Difel, 273 Matos, Formação histórica de São Paulo: De comunidade à metrópole, p. 49 Castaldi, Formação histórica de São Paulo: De comunidade à metrópole, p. 358 Andrews, Formação histórica de São Paulo: De comunidade à metrópole, pp. 113-115 Sevcenko, N., (1997) Orfeu extático na metrópole: Sã Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20, p. 31. , São Paulo: Companhia das Letras Simão, op. cit., p. 69. Na indústria têxtil, por exemplo, para um mesmo serviço, o salário da trabalhadora representava 64% do recebido pelo homem adulto, enquanto o das crianças não chegava a 39% desse valor (Ribeiro, op. cit., p. 365)Rodrigues, A., Albertino, J., (1968) Sindicato e desenvolvimento no Brasil, p. 30. , São Paulo: Difel Rago, M., Do cabaré ao lar: A utopia da cidade disciplinar, Brasil 1890-1930 (1997) São Paulo: Paz e Terra, pp. 25-26 Hahner, São Paulo: Paz e Terra, p. 211 Carone, E., (1972) A República Velha (instituições e classes sociais), p. 194. , São Paulo: Difel Ver este argumento em Matos, op. cit., pp. 54 e 82Offe, Claus. O capitalismo desorganizado. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 48. Ver também Beiguelman, op. cit., pp. 81 e 121. A autora relata como um dos argumentos dos industriais contra a limitação do trabalho infantil e feminino estava na sua conseqüência fatal, relacionada ao desequilibrio da economia domésticaDados do Recenseamento Operário da capital paulista, de 1923, apud Vangelista, op. cit., pp. 251-252SDTS/PMSP