dc.identifier | CAMARGOS, Mirela Castro Santos. Enfim s??: um olhar sobre o universo de pessoas idosas que moram sozinhas no munic??pio de Belo Horizonte (MG), 2007. 2008. 126 f. Tese (Doutorado em Demografia) - Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Faculdade de Ci??ncias Econ??micas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 2008. | |
dc.description | Este estudo teve como objetivo investigar diferentes aspectos que condicionam a vida de idosos que moram sozinhos. Para isto, foram realizadas 40 entrevistas em profundidade, contando com a participa????o de idosos residentes nas diversas regi??es do munic??pio de Belo Horizonte, pertencentes a diferentes grupos socioecon??micos. A escolha de Belo Horizonte se justifica pela possibilidade de contrastar o estilo de vida de uma grande metr??pole brasileira com caracter??sticas da tradicional fam??lia mineira na qual a popula????o idosa atual parece ainda se sustentar. A utiliza????o de entrevistas em profundidade permitiu que o leque de investiga????o fosse al??m do foco nos fatores associados ?? decis??o de morar sozinho. Com isto, ?? poss??vel ir al??m da identifica????o dos fatores associados ?? op????o por morar sozinho, para focalizar, sobretudo, os mecanismos que norteiam a forma????o desse tipo de arranjo domiciliar. Para garantir a confiabilidade das entrevistas foi ministrado a todos os entrevistados o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), que avalia o estado cognitivo do respondente. Este procedimento permitiu que fossem inclu??dos na amostra apenas aqueles indiv??duos que n??o apresentavam d??ficits cognitivos. Dada a import??ncia do bem-estar psicol??gico nas respostas fornecidas pelos entrevistados, foi tamb??m ministrada aos idosos selecionados a vers??o brasileira da Escala de Depress??o Geri??trica (EDG) reduzida. Entre os idosos entrevistados, quase metade come??ou a viver sozinho antes de completar 60 anos de idade, indicando que se trata mais de uma op????o do que uma imposi????o contingenciada pela redu????o de alternativas de recompor as perdas por morte ou separa????o. Como era de se esperar, a grande maioria dos idosos entrevistados foi constitu??da por mulheres, j?? que elas comp??em a maior parte do universo das pessoas com 60 anos ou mais. Ainda assim, observou-se diferencial por sexo nos relatos que descrevem os desafios vivenciados no in??cio da vida sozinho. Em conson??ncia com o estere??tipo que pontua as rela????es de g??nero, ao decidirem morar sozinhos, os homens reclamam ter que assumir pap??is dito femininos, como cuidar de afazeres dom??sticos. Na mesma linha, as mulheres apontam as dificuldades em assumir responsabilidades ditas masculinas, como fazer movimenta????es banc??rias e ordenar e aferir a presta????o de servi??os. Ainda que pautado, em maior ou menor medida, pelo relato de adversidades, o tom das entrevistas esteve muito longe de poder ser considerado nost??lgico ou triste. Os idosos entrevistados dizem n??o se sentirem sozinhos ou n??o ficarem sozinhos e advertem, com veem??ncia, que n??o desejam ficar ou se sentirem sozinhos. Os relatos revelam a inconteste tentativa desses idosos de buscar e conseguir interlocu????o com parentes e amigos n??o apenas quando se sentem impotentes, como diante de epis??dio de doen??as. Diferentemente da t??nica vigente nos anos 1980 e 1990, eles n??o disseram serem vistos como trapo ou como pessoas in??teis. Ao contr??rio, foram quase un??nimes em destacar que, mesmo vivendo sozinhos, se sentem amparados por parentes ou amigos, o que lhes garante uma condi????o diferente daquela de se sentirem s??s. O discurso que deles pareceu ecoar foi que n??o existiam idosos isolados, mas sim formas distintas de se relacionarem com familiares e amigos. Distintas porque n??o marcadas apenas por trocas financeiras, mas tamb??m, e principalmente, por trocas de carinho. Para a maioria dos idosos entrevistados esse sentimento de solid??o teria lugar se, um dia, que eles esperam ou desejam que nunca chegue, se virem obrigados a residir em asilo ou abrigo fora do ambiente familiar. Fora desse ambiente, n??o enxergam luz no final do t??nel. | |