Dissertação
Capacidade antioxidante total da dieta e consumo de alimentos ultraprocessados e suas relações com estado nutricional e desfechos clínicos de pacientes oncológicos hospitalizados
Total antioxidant capacity of the diet and consumption of ultra-processed foods and their relationship with nutritional status and clinical outcomes of hospitalized cancer patients
Registro en:
POSSA, Luiza de Oliveira. Capacidade antioxidante total da dieta e consumo de alimentos ultraprocessados e suas relações com estado nutricional e desfechos clínicos de pacientes oncológicos hospitalizados. 2021. 118 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Nutrição) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2021.
Autor
Possa, Luiza de Oliveira
Institución
Resumen
Introdução: A alimentação dos indivíduos em tratamento oncológico influencia na qualidade de vida e no prognóstico, estando frequentemente comprometida devido a efeitos colaterais dos tratamentos, como alterações no paladar e sintomas gastrointestinais de impacto nutricional que levam à piora do estado nutricional e intercorrências durante a internação. Sabe-se que uma dieta rica em vitaminas, minerais e antioxidantes e pobre em gorduras e componentes inflamatórios prediz uma melhora no prognóstico de pessoas com câncer, diminui o risco de complicações e o tempo de internação, melhora a recuperação do estado nutricional e reposta ao tratamento. Objetivos: Avaliar a associação da capacidade antioxidante total da dieta e do consumo de alimentos ultraprocessados com indicadores do estado nutricional e desfechos clínicos de pacientes oncológicos hospitalizados. Metodologia: Estudo transversal realizado com 196 indivíduos em tratamento oncológico. Foram coletadas de prontuário eletrônico informações sociodemográficas, de estilo de vida e aquelas relacionadas aos desfechos clínicos, como tempo de internação, metástase, intercorrências clínicas, alta/óbito, valores de proteína C-reativa e presença de sintomas gastrointestinais de impacto nutricional. A avaliação do estado nutricional foi realizada mediante aplicação da Avaliação Subjetiva Global Produzida pelo Paciente (ASG-PPP), e de medidas e índices antropométricos: peso, estatura, Índice de Massa Corporal, perímetro do braço, perímetro da panturrilha, e força de preensão palmar (FPP). O consumo alimentar atual foi avaliado por meio de um Registro Alimentar ou Recordatório de 24 horas. O cálculo da capacidade antioxidante total da dieta (CATd) foi determinada pelo método Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP). O consumo de alimentos ultraprocessados foi avaliado pela classificação NOVA. A amostra foi então categorizada de acordo com tercis de CATd (mmol Trolox/d) e o consumo de ultraprocessados (% da ingestão calórica diária). As comparações para as variáveis de interesse segundo esses tercis foram realizadas por meio de teste Qui-quadrado de Pearson ou Análise de Variância com correção para heterocedasticidade (estatística F de Brown–Forsythe), com post hoc de Games-Howell ou teste de Kruskal-Wallis e post hoc de Dunn quando apropriado. O nível de significância de α<0,05 foi aplicado no presente estudo. Resultados: Foram avaliados 196 indivíduos que apresentaram tempo mediano de internação de 14 dias. A frequência de reinternação em até 30 dias após a alta hospitalar foi de 14,8% e 15,3% dos participantes evoluíram para óbito. Indivíduos incluídos no último tercil de CATd apresentaram menores frequências de óbito (p=0,032), constipação (p=0,010), disfagia (p=0,001), dor ao engolir e mastigar (p=0,019) e desidratação (p=0,032) quando comparados aos indivíduos do primeiro tercil. Os valores de PCR foram significativamente menores no maior tercil de CATd (p=0,010), enquanto a força de preensão palmar foi maior (p=0,037) nos indivíduos incluídos no terceiro tercil. Dos indivíduos avaliados, 30,1% apresentavam baixo peso segundo o IMC e 74,0% estavam gravemente desnutridos segundo a ASG-PPP. Os indivíduos do tercil de maior consumo de alimentos ultraprocessados apresentaram maior tempo de internação quando comparados aos tercis inferiores. Conclusões: A CATd esteve relacionada ao melhor prognóstico de indivíduos em tratamento oncológico hospitalizados, aos indicadores e sintomas de impacto nutricional e ao estado inflamatório, os quais impactam no tempo de internação e na mortalidade. Ademais, nossos resultados indicam uma relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e um maior tempo de internação. Em resumo, nossos resultados fornecem informações para uma perspectiva preventiva de acompanhamento nutricional. Palavras-chave: Antioxidantes. Alimentos industrializados. Hospitalização. Prognóstico. Oncologia. Introduction: The diet of individuals undergoing cancer treatment influences quality of life and prognosis, and is often compromised due to side effects of treatments, such as changes in taste and gastrointestinal symptoms of nutritional impact that lead to worsening of nutritional status and complications during hospitalization. Besides, diet rich in vitamins, minerals and antioxidants and low in fats and inflammatory components predicts an improvement in the prognosis of people with cancer, can decrease the risk of complications and the length of stay, improves the recovery of nutritional status and responds to treatment. Objectives: To evaluate the association between dietary total antioxidant capacity and consumption of ultra-processed foods with nutritional status indicators and clinical outcomes of hospitalized cancer patients. Methodology: Cross-sectional study conducted with 196 individuals undergoing cancer treatment. Sociodemographic, lifestyle and information related to clinical outcomes, such as length of hospital stay, metastasis, clinical complications, discharge/death, C-reactive protein values and presence of gastrointestinal symptoms of nutritional impact were collected from the electronic medical record. We assessed nutritional status by the application of the Subjective Global Assessment Produced by the Patient (SGA-PPP), and anthropometric measurements and indices: weight, height, Body Mass Index, arm circumference, calf circumference, and grip strength palmar (FPP). Current food consumption was assessed using a 24-hour Food Record or Recall. The calculation of the dietary total antioxidant capacity (dTAC) was determined by the Ferric Reducing Antioxidant Power (FRAP) method. The consumption of ultra-processed foods was assessed by the NOVA classification. The sample was then categorized according to dTAC tertiles (mmol Trolox /day) and ultra-processed consumption (% of daily caloric intake). Comparisons for the variables of interest according to these tertiles were performed using Pearson's chi-square test or analysis of variance with correction for heteroscedasticity (Brown – Forsythe F statistic), with Games-Howell post hoc or Kruskal- Dunn's wallis and post hoc where appropriate. The significance level of α <0.05 was applied in the present study. Results: 196 individuals who had a median hospital stay of 14 days were evaluated. The frequency of readmission within 30 days after hospital discharge was 14.8% and 15.3% of the participants died. Individuals included in the last tertile of CATd had lower frequencies of death (p = 0.032), constipation (p = 0.010), dysphagia (p = 0.001), pain when swallowing and chewing (p = 0.019) and dehydration (p = 0.032) when compared to individuals in the first tertile. The CRP values were significantly lower in the largest CATd tertile (p = 0.010), while the handgrip strength was higher (p = 0.037) in the individuals included in the third tertile. Of the individuals evaluated, 30.1% were underweight according to the BMI and 74.0% were severely malnourished according to the ASG-PPP. Individuals in the tertile with the highest consumption of ultra-processed foods had a longer hospital stay when compared to the lower tertiles. Conclusions: CATd was related to the better prognosis of individuals undergoing hospitalized cancer treatment, to the indicators and symptoms of nutritional impact and to the inflammatory state, which impact on the length of hospital stay and mortality. In addition, our results indicate a relationship between the consumption of ultra-processed foods and a longer hospital stay. In summary, our results provide information for a preventive perspective of nutritional. Keywords: Antioxidants. Processed foods. Hospitalization. Prognosis. Oncology.