Tesis
Fatores genéticos e ambientais envolvidos com o consumo de Etanol e seus possíveis correlatos comportamentais nas linhagens de ratos lewis e shr
Autor
Oliveira, Ligia Fuhrmann Gonçalves de
Institución
Resumen
TCC(graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Biológicas. Biologia. O alcoolismo tem etiologia complexa, onde a participação de fatores genéticos é bem
estabelecida. Estudos clínicos sugerem que existam diversas comorbidades presentes
conjuntamente com o alcoolismo. As linhagens de ratos Lewis (LEW) e SHR diferem em
relação a diversos modelos de ansiedade e de consumo de etanol. Assim, nosso estudo
avaliou alguns fatores comportamentais e farmacológicos que podem estar envolvidos com
o controle do consumo de etanol nestes animais. No primeiro bloco experimental (PBE), 44
ratos LEW e SHR (11/linhagem/sexo), isolados em gaiolas individuais com 8-9 semanas de
idade, foram submetidos aos testes comportamentais de preferência de lugar (PL); campo
aberto (CA); labirinto em cruz elevado (LCE); armazenamento de comida (AC); consumo
de sacarina, quinino e etanol; e perda do reflexo postural (PRP) em resposta ao etanol, com
coleta de sangue no momento da recuperação do reflexo. No segundo bloco experimental
(SBE), avaliamos o efeito do isolamento social (IS) sobre o comportamento destas duas
linhagens. Para isso, um grupo foi mantido em condições normais de agrupamento (4
animais/caixa) e outro foi submetido ao IS (1 animal/caixa) a partir de 8 semanas de idade
(N=8/linhagem/sexo/tratamento). Posteriormente, todos os animais foram submetidos aos
testes de PL, CA e LCE. No PBE, os ratos LEW e SHR diferiram no teste de PL quanto ao
tempo gasto no compartimento familiar (SHR>LEW; p<0,05). No CA, eles diferiram na
locomoção e tempo gastos no centro (SHR>LEW; p<0,001). No LCE ocorreu um efeito da
linhagem no número de entradas nos braços abertos e fechados (LEW>SHR; p<0,001). No
AC, ratos SHR guardaram e ingeriram mais ração do que os ratos LEW (p<0,05). As
linhagens também diferiram no consumo de sacarina (p<0,001) quinino (p<0,01) e etanol
forçado (p<0,05), com ratos SHR ingerindo mais do que ratos LEW. No consumo de etanol
em livre escolha, ocorreu diferença entre linhagens somente em fêmeas, com ratas SHR
ingerindo mais do que as LEW (p<0,05). No PRP, fêmeas recuperaram o reflexo mais
rápido (p<0,001) e com maior concentração de etanol no sangue do que machos (p<0,01),
mas não ocorreram diferenças entre as linhagens. No SBE, no teste de PL ocorreu diferença
entre as linhagens somente nos animais agrupados, sendo que os ratos SHR passaram mais
tempo no compartimento novo do que os LEW (p<0,05). No CA, ocorreram diferenças no
tempo e locomoção no centro (SHR>LEW; p<0,001), sendo que o IS teve efeito apenas na
linhagem SHR, com os ratos isolados apresentando os menores índices nestas medidas
(p<0,05). O IS diminuiu em ambas as linhagens a locomoção periférica (p<0,001). No
LCE, o IS provocou diferenças significativas no número e na % de entradas nos braços
abertos, com os ratos LEW realizando maior número de entradas do que os SHR apenas em
condição de IS (p<0,05). A ANOVA revelou diferenças de linhagem e sexo no número de
entradas nos braços fechados (LEW>SHR; p<0,05; F>M; p<0,01) e tempo nos braços
abertos (F>M; p<0,05). Em conclusão, no PBE os ratos LEW pareceram mais “ansiosos”
que ratos SHR no CA, mas não no LCE, como esperado. No AC, os LEW pareceram mais
impulsivos que os SHR. Os resultados inesperados nos testes PL e LCE sugerem que o IS
influenciou o comportamento destas linhagens. No SBE, o IS pareceu causar um efeito
ansiogênico, sendo que os ratos SHR parecem ser mais suscetíveis a estes efeitos do que os
LEW. Isto sugere que as relações sociais durante o desenvolvimento são essenciais para o
comportamento exibido durante a idade adulta.