Tesis
Adolescência e atos autoagressivos : o grupo da diversidade como dispositivo de cuidado em saúde mental
Fecha
2020-07-03Registro en:
SOUSA, Paula Stein de Melo e. Adolescência e atos autoagressivos: o grupo da diversidade como dispositivo de cuidado em saúde mental. 2020. 148 f., il. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Sousa, Paula Stein de Melo e
Institución
Resumen
A motivação para o desenvolvimento desta pesquisa surge a partir da prática clínicoinstitucional em um serviço público de atenção integral a adolescentes do Distrito Federal, com
ênfase em um dispositivo clínico de grupo denominado Grupo da Diversidade. O presente
estudo tem como objetivo aprofundar a compreensão do recurso ao ato autoagressivo na
adolescência contemporânea, bem como dos dispositivos clínicos em saúde mental nesse
contexto. Busca-se, para tanto, problematizar não somente o recurso ao ato autoagressivo
cometido por adolescentes, mas também a violência inerente ao período de subjetivação desses
indivíduos, a partir do aprofundamento teórico do período pubertário na psicanálise. Partimos
da concepção da adolescência como um processo iniciado a partir da puberdade, com potencial
traumático advindo do primado da sexualidade genital, no qual a problemática das
identificações sexuais e escolhas objetais, com as decorrências na cultura dessa tomada de
posição, se impõem ao sujeito, levando-os, em muitos casos, a recorrer ao ato autoagressivo.
Esse período de vulnerabilidade psíquica encontra inúmeros desafios na cultura contemporânea,
tornando o momento propício ao surgimento de atos autoinfligidos, como as escarificações,
compreendidas como tentativas de controle do mundo interno que buscam restaurar um sentido
particular por meio de uma ritualização íntima diante da experiência de mal-estar vivenciada.
Nessa pesquisa foi proposto como metodologia de intervenção um grupo como dispositivo
terapêutico. No contexto da saúde mental pública, destaca-se a pertinência e potencialidade dos
dispositivos grupais como espaços de estabelecimento de laços afetivos, suporte emocional e
protagonismo social. Ao reunir em grupo terapêutico adolescentes que recorrem, de modo
íntimo e isolado, a atos autoagressivos para lidar com a experiência de sofrimento vivenciada,
pode-se testemunhar a travessia terapêutica do sujeito em sofrimento psíquico privado para o
sujeito capaz de estabelecer novas possibilidades de laços com a cultura.