Tesis
Geologia, controle estrutural e mineralogia do escarnito mineralizado em ouro e tungstênio da Mina Bonfim-II, Província Borborema, Rio Grande do Norte, Brasil
Fecha
2021-08-25Registro en:
PEREIRA, Eduardo Henrique Rodrigues. Geologia, controle estrutural e mineralogia do escarnito mineralizado em ouro e tungstênio da Mina Bonfim-II, Província Borborema, Rio Grande do Norte, Brasil. 2021. [37] f., il. Dissertação (Mestrado em Geologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Pereira, Eduardo Henrique Rodrigues
Institución
Resumen
O corpo de minério da Mina Bonfim-II é constituído por escarnito mineralizado em
tungstênio e ouro, disposto como uma camada estratiforme na base do pacote de
mármores, em contato concordante com flogopita xistos da Formação Jucurutu, base do
Grupo Seridó. A estruturação em Bonfim encontra-se segundo o trend de direção NNE,
ao longo do qual existem três depósitos de minério que são Bonfim-I, Bonfim-II e
Bonfim-III, que compõem o Sistema Estrutural Bonfim (SEB).
O escarnito exibe zonação vertical, que marca o contato superior com tremolita-
flogopita mármores, a zona do diopsídio (zona central) mineralizada em scheelita e
molibdenita, produto de alteração e substituição de mármore dolomítico, e a zona da
zoizita-clinozoizita (zona inferior), com clorita, epidoto e sericita provenientes do
hidrotermalismo em flogopita xistos, que exibe fraturas preenchidas por ouro e bismuto.
O corpo de minério escarnítico encontra-se segundo a direção N10oE/30oSE, deformado
por cisalhamento em condições dúcteis, assumindo a forma de boudins, cujo eixo de
maior elongamento possui caimento de 12o para NNE. A scheelita ocorre sob a forma
de boudins, associada à molibdenita. Tais condições mostram que a mineralização de
tungstênio é sintectônica, e consiste na primeira fase de mineralização, sistema W-Mo.
O ouro ocorre associado aos minerais de bismuto e telúrio, preenchendo falhas e
fraturas de cisalhamento com atitude N70oW/75oSW, seccionando e deslocando o
bandamento do escarnito de direção N10oE/30oSE. Tais feições estruturais evidenciam
que o ouro pertence a uma segunda fase de mineralização, o sistema Au-Bi-Te, formado
em condições rúpteis na crosta. As fraturas auríferas normalmente são verticalizadas e
espaçadas entre si, ocorrendo como veios estreitos sob a forma de sheeted veins.
Dados geocronológicos evidenciam que o pico do metamorfismo no ciclo Brasiliano
teria ocorrido por volta de 600 Ma, e a granitogênese a partir de 577 + 4,5 Ma, com base
em dados U-Pb. Em Bonfim foram obtidas datações Re/Os em molibdenita de 524 + 2
Ma, indicando que está seja a idade para a 1a fase de mineralização em Bonfim. Admite-
se que as estruturas que controlam a 2a fase de mineralização estejam relacionadas às
intrusões pegmatíticas tardi-brasilianas, que marcam o estágio final do magmatismo.
Datações U-Pb em tantalita de pegmatitos revelam idades de 514 + 1,1 Ma para a fase
tardia da orogenia, correlacionadas ao sistema Au+Bi+Te. Considera-se que os
pegmatitos sejam a fonte de fluidos hidrotermais da mineralização aurífera.
A minerografia mostra que a paragênese aurífera é composta por bismuto, bismutinita,
joseíta (Bi4TeS2), calcopirita, hedleyita (Bi7Te3) e gersdorffita (NiAsS), sendo os dois
últimos inéditos. As principais formas de ocorrência do ouro são: livre na ganga, em
contato com bismuto, bismutinita e joseíta, ou em fraturas. A ganga das fraturas é
composta por prehnita, indicando que a precipitação do ouro teria ocorrido na fácies
metamórfica prehnita-pumpelliyta.
Descrições petrográficas mostram que o diopsídio é o mineral predominante, tendo
ainda actinolita, tremolita, calcita, clorita, muscovita, plagioclásio reliquiar, feldspato
potássico (KF) e acessórios como titanita, apatita e allanita. Houve intenso processo de
alteração dos feldspatos gerando sericita, carbonato, epidoto e zoisita-clinozoisita. Além
disso, permitiram identificar uma granada rica em cromo, que ainda não havia sido
identificada em Bonfim. Análises de microssonda eletrônica indicam elevados teores
em prata, até 16,09%Ag na composição do ouro, e ainda bismuto e telúrio que podem
alcançar até 0,44%Bi, e 0,16% Te.
O escarnito Bonfim é um exoescarnito, cálcico, reduzido e distal, formado por meio de
fluidos hidrotermais migrados por zonas de cisalhamento, e/ou superfícies de contato.