Tesis
A contribuição do Inventário Florestal Nacional para o conhecimento da flora lenhosa do Cerrado
Fecha
2022-04-14Registro en:
KIATAQUI, Fernanda Keiko. A contribuição do Inventário Florestal Nacional para o conhecimento da flora lenhosa do Cerrado. 2021. 279 f., il. Dissertação (Mestrado em Botânica)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Kiataqui, Fernanda Keiko
Institución
Resumen
O Inventário Florestal Nacional (IFN) é um levantamento dos recursos florestais
brasileiros, realizado pelo governo federal, que tem coletado dados no Cerrado, um dos
biomas de flora mais rica do mundo. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a
contribuição do IFN para o conhecimento da flora lenhosa do Cerrado com base em
espécimes botânicos coletados no âmbito desse levantamento. O IFN mediu e coletou o
material botânico dos indivíduos com DAP ou DB (a 30 cm do solo) ≥ 10 cm em
diversos ambientes, com ênfase em fisionomias florestais. Os dados das coletas foram
usados para avaliar a contribuição do IFN em termos de abrangência taxonômica,
buscando identificar as espécies mais coletadas, novas ocorrências, bem como registro
de espécies endêmicas ou ameaçadas. Restringiu-se as análises a um subgrupo de
coletas referentes a espécies nativas de porte arbóreo ou arbustivo, incluindo palmeiras
arbustivas e arbóreas, com identificação em nível de espécie. Os tipos de vegetação
amostrados foram classificados em: antrópico, cerrado, floresta úmida, mata seca e
transição cerrado-caatinga. O conjunto de dados foi composto por 28.607 coletas
distribuídas em 2.779 conglomerados em nove estados (Bahia, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, São Paulo e Tocantins) e o Distrito
Federal. Ao todo foram registradas 1.817 espécies pertencentes a 551 gêneros e 105
famílias. Esse é um número abrangente de espécies da flora arbórea e lenhosa do
Cerrado, representando 33,8% das 5.373 espécies lenhosas do Cerrado registradas na
Flora do Brasil 2020 para esse bioma. Por estado, foram coletadas 511 espécies na
Bahia, 192 no Distrito Federal, 734 em Goiás, 647 no Maranhão, 682 no Mato Grosso,
381 no Mato Grosso do Sul, 132 em Minas Gerais, 290 no Piauí, 313 em São Paulo e
561 em Tocantins. Por tipo de vegetação foram 612 espécies registradas na classe antrópico, 1.232 no cerrado, 1.153 na floresta úmida, 332 na mata seca e 224 na
transição cerrado-caatinga. Fabaceae apresentou o maior número de espécies,
evidenciando sua representatividade na composição florística do Cerrado. Apesar dos
materiais de diversas famílias terem sido identificados por especialistas, algumas
famílias imporantes como Apocynaceae e Lauraceae não foram revisadas por
especialistas, o que pode ter influenciado na baixa riqueza encontrada devido à falta de
identificações. Tapirira guianensis Aubl. e Matayba guianensis Aubl. foram as espécies
mais coletadas e somente 22 espécies foram coletadas em todos os estados amostrados.
Houve novos registros de ocorrência para os estados e para o Cerrado,
predominantemente nas matas ciliares e de galeria onde geralmente ocorrem espécies de
outros biomas. Além disso, 38 espécies coletadas estão na lista vermelha do CNCFlora
como ameaçadas. Portanto, pode-se concluir que o IFN tem sido uma iniciativa
importante, pois está contribuindo para a ampliação do conhecimento da flora lenhosa
do Cerrado, e cooperando para a conservação e uso sustentável dos recursos florestais.