Tesis
Geologia, Geoquímica e Mineralogia do Complexo Carbonatítico Morro Preto – GO
Fecha
2019-01-29Registro en:
NASCIMENTO, Estela Leal Chagas do. Geologia, Geoquímica e Mineralogia do Complexo Carbonatítico Morro Preto – GO. 2018. 199 f., il. Tese (Doutorado em Geociências Aplicadas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Nascimento, Estela Leal Chagas do
Institución
Resumen
A Província Alcalina de Goiás (GAP) é uma das maiores províncias kamafugíticas no mundo. A porção sul da GAP é composta em sua maioria por depósitos piroclásticos e lavas utrapotássicas, ocorrendo carbonatitos localmente, e a porção central consiste principalmente de diatremas kamafugíticos. A porção norte da GAP possui predominantemente complexos intrusivos alcalinos ultramáficos a máfico-intermediários, com mineralização de níquel laterítico associada.
O Complexo alcalino carbonatítico Morro Preto, localizado na porção norte da GAP, é uma exceção na região, devido à
associação carbonatito-kamafugito e devido à mineralização de fosfato associada. O complexo se caracteriza por duas intrusões
subcirculares (Morro Preto Norte e Morro Preto Sul) de magnetita apatita magnesiocarbonatitos evoluindo para ankerita
ferrocarbonatitos ricos em bário, e ferrocabonatitos tardios contendo siderita. A série carbonatítica fenitiza as rochas hospedeiras do
Pré-cambriano, atingindo um halo metassomático de aproximadamente 800m em superfície.
A mineralização de fosfato hospeda-se nas rochas magnetita apatita magnesiocarbonatitos. Essas rochas variam em textura
e composição modal: se apresentando desde cumulados ricos em apatita e magnetita, a até rochas com textura de fluxo magmático e
com proporções menores de magnetita e apatita. A apatita é rara a ausente nos ferrocarbonatitos, sendo Fe-dolomita e ankerita os
principais carbonatos. Siderita pode estar presente nas feições mais tardias, além de traço de monazita e carbonatos da série Magnesitasiderita.
Dados geológicos, geoquímicos e de química mineral são consistentes com a evolução dos magnesiocarbonatitos para
ferrocarbonatitos, evidenciando processos de evolução por cristalização fracionada, imiscibilidade de líquidos, metassomatismo e
eventos hidrotermais tardios.
As rochas silicáticas do complexo são diques de kamafugito e raras ocorrências de diques alcalinos félsicos e basalto
alcalino, sendo que esse último litotipo não apresenta uma relação clara com a série carbonatítica do complexo. Os diques alcalinos
de composição félsica possuem microcristais de K-feldspato em uma matriz afanítica, dominado por carbonato e argilominerais.
Apesar de feições magmáticas reliquiares, essas rochas estão intensamente fenitizadas, e parte da fábrica mineral encontrada pode ser
um produto de metassomatismo potássico.
Os kamafugitos representam as rochas mais primitivas do Complexo Morro Preto. Abrangem um intervalo composicional
típico dos mafuritos descritos na GAP, indicando a natureza relativamente diferenciada desses diques em comparação com katungitos
e com os picritos alcalinos que representam o magma parental da maioria dos complexos alcalinos ultramáficos do norte da GAP. Os
kamafugitos de Morro Preto contêm glóbulos de carbonato, corroborando a hipótese de imiscibilidade entre líquido silicático e
carbonatítico durante a formação do complexo, e indicando que representam o magma parental tanto das rochas silicáticas mais
diferenciadas quanto das rochas da série carbonatítica.
O clinopiroxênio dos kamafugitos do Complexo Morro Preto tem composição química comparável à do piroxênio de
bebedouritos de complexos alcalinos (e.g. Salitre) da Província do Alto Paranaíba (APIP) e do piroxênio em xenólitos de bebedourito
em kamafugitos, tanto em Morro Preto quanto na Mata da Corda, na Província do Alto Paranaíba (APIP). Esta similaridade fornece
evidências adicionais da associação kamafugito-carbonatito na GAP, e reforça as semelhanças petrogenéticas entre as duas províncias
alcalinas.
Considerando que a APIP hospeda um número considerável de complexos intrusivos, alcalinos carbonatíticos, contendo
mineralização de P-Nb-REE(-Ti-Ba-Fe-U), recomenda-se trabalhos exploratórios na GAP com o foco na identificação de complexos
alcalinos carbonatíticos não aflorantes, utilizando a afinidade metalogenética do Complexo Morro Preto e a mineralização de fosfato
associada como um guia exploratório.