Tesis
Modelos multi-isotópicos para rastreamento geográfico de animais traficados
Fecha
2020-04-08Registro en:
COSTA, Fábio José Viana. Modelos multi-isotópicos para rastreamento geográfico de animais traficados. 2019. 115 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Costa, Fábio José Viana
Institución
Resumen
O comércio ilegal de produtos da vida selvagem é um problema mundial e afeta diretamente a conservação da biodiversidade. O desconhecimento das rotas de tráfico e a necessidade de destinação de animais apreendidos, demandam avanços metodológicos para auxiliar de forma mais eficaz a detecção da sua origem. Tecnologias recentes analisam marcadores presentes em amostras de tecidos de animais capturados em uma única ocasião, ou apreendidos, e que são utilizados como indicativos da região de origem. Neste contexto, os isótopos estáveis de carbono, nitrogênio e oxigênio, mostram padrões de distribuição espacial de processos biogeoquímicos e ecológicos, que vêm sendo utilizados como rastreadores ambientais. Os padrões espaciais podem ser apresentados em mapas, chamados de isoscapes. Este trabalho teve como objetivo desenvolver novas abordagens metodológicas usando isótopos estáveis como ferramenta para a aplicação no rastreamento geográfico, no contexto do tráfico de animais. Foi feita uma revisão dos princípios biogeoquímicos relacionados ao uso de isótopos de oxigênio, carbono e nitrogênio como indicadores geográficos e as principais metodologias existentes para empregá-los em atribuição (testes de procedência). O canário-da-terra (Sicalis flaveola) foi utilizado como modelo de ave residente, para verificar a amplitude da variação temporal nas razões isotópicas de oxigênio (δ 18O) usando tecidos com diferentes tempos de renovação, como sangue e pena. Os períodos de muda do canário-da-terra foram estimados. Utilizando amostras de pelos de mamíferos, foi desenvolvido um modelo regional de isoscape de δ 18O para o Cerrado e Pantanal. Por fim, foi desenvolvido um método de atribuição multi-isotópica para avaliação da acurácia e da precisão de diferentes modelos de calibração de dados de amostras de origem conhecidas e da utilização de um, dois ou três isótopos para atribuição. A variação temporal de 18O do sangue do canário-da-terra mostrou-se ampla e relação com variáveis climáticas, sendo um bom indicador para rastreamento da marcada sazonalidade ambiental do Cerrado. A análise das penas mostrou que um curto período de muda, está relacionado a uma menor variação no δ 18O. O δ 18O das penas foi cerca de 2,5‰ inferior à do sangue total, que é referente à taxa de conversão tecido-tecido. A isoscape de δ 18O de pelos de mamíferos no Cerrado e Pantanal apresentou amplitude de 6‰ e apresentou padrão longitudinal bem marcado. O fato de mamíferos atropelados, bem como espécimes de museus, serem facilmente amostrados, possuir ampla distribuição na região e serem residentes, o uso de pelos de mamíferos mostrou-se uma boa alternativa como referência para a variação geográfica de δ 18O na região estudada. O conhecimento das variações temporais e variabilidade espacial de δ 18O, em conjunto com o método de atribuição multi-isotópica, proporcionaram um aprimoramento regional na utilização de isótopos estáveis como ferramenta de atribuição geográfica no contexto do tráfico de animais no Brasil, podendo auxiliar na destinação de animais apreendidos e clarear aspectos da atividade ilegal, como locais preferenciais de captura de animais e rotas do tráfico.