Tesis
Entre socioeducação e punição : trabalho sujo, identidades e práticas dos agentes socioeducativos da UISS
Fecha
2020-05-21Registro en:
ALBUQUERQUE, Jéssica Fernanda. Entre socioeducação e punição: trabalho sujo, identidades e práticas dos agentes socioeducativos da UISS. 2019. 196 f., il. Dissertação (Mestrado em Sociologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Albuquerque, Jéssica Fernanda
Institución
Resumen
Este trabalho tem como objetivo analisar, por meio da categoria analítica trabalho sujo, as identidades e práticas laborais dos agentes socioeducativos da Unidade de Internação de São Sebastião e discutir as técnicas desenvolvidas por esses trabalhadores na moderação das identidades maculadas. A pesquisa se insere em um contexto de tensões e disputas entre aspectos socioeducativos e punitivos, e assim, também busca-se discutir como essas ambiguidades atravessam as identidades e práticas desses trabalhadores. Para a consecução dos objetivos foi utilizada como técnica de pesquisa principal a realização de entrevistas semiestruturadas com agentes socioeducativos da UISS e os dados levantados foram analisados a partir das categorias desenvolvidas pela literatura sobre trabalho sujo. A partir das percepções dos trabalhadores, foi possível verificar que os agentes socioeducativos são trabalhadores sujos devido à estigmatização generalizada. Haja vista que estes estão em contato permanente com adolescentes autores de atos infracionais, público amplamente estigmatizado e que representa perigo (mácula social e física), e os próprios agentes socioeducativos são percebidos socialmente como violentos e torturadores (mácula moral). As técnicas de manipulação do estigma profissional identificadas na pesquisa demonstraram que é sobre a luta contra a estigmatização moral que se concentram os maiores esforços da categoria, recorrendo substancialmente à aproximação de suas práticas laborais aos pressupostos socioeducativos, como cuidado, educação, proteção, diálogo e ressocialização dos adolescentes internados. A pesquisa ainda indicou que estas práticas e percepções socioeducativas dos trabalhadores coexistem com aspectos punitivos e disciplinares. Entretanto, nem as práticas socioeducativas e nem as de segurança proporcionam um senso de propósito significativo para subsidiar a realização profissional. Na percepção dos agentes, a ineficiência do sistema socioeducativo em reintegrar e em proteger os adolescentes reduz o seu trabalho a apenas “enxugar gelo”.