Artículos de revistas
A Técnica Como Capital E O Capital Humano Genético
Registro en:
Novos Estudos Cebrap. , v. , n. 80, p. 127 - 139, 2008.
1013300
2-s2.0-50049094545
Autor
Lopez-Ruiz O.
Institución
Resumen
The paper discusses the logical implications of thinking the technological change as a form of capital, as suggested by T. W. Schultz for the aims of economical analysis. We argue that proposals like this, made by the founder of the human capital theory, are currently opening space to think the human as a form of capital - even before the birth of a human being. We consider what Michel Foucault called "the political problem of genetics" in his The Birth of Biopolitics, and reflect about the social and economical implications of genetic information, in particular, when the object of study of economics is extended not just to some human attributes, now considered as a form of capital, but also to technical progress itself.
80 127 139 Este artigo faz parte do trabalho de pesquisa Da ética protestante ao ethos empresarial: 'capital humano' e 'empreendedorismo' como valores sociais realizado no âmbito do meu pós-doutorado no Programa de Formação de Quadros do Cebrap. Agradeço especialmente a José A. Giannotti, coordenador, e aos colegas do programa e gostaria de agradecer também a leitura críticae os comentários de Maria Carlotto (Cebrap), Pedro Ferreira, Anderson Santos, Rafael Alves da Silva e Diego Vincentin, do CTeMe - UnicampPor razão governamental Foucault entende os tipos de racionalidade que atuam nos procedimentos através dos quais a conduta dos homens é dirigida por mein de uma administração estatal. Per outra parte, ao falar em arte de governar deixa claro que não está tratando da prática do governo real, mas da maneira deliberada, pensada, de governar melhor e, ao mesmo tempo, da reflexão a respeito da melhor maneira de governar (Cf. Foucault, Michel. Naissance de la biopolitique. Paris: Gallimard,2004, pp. 4, 337)Franklin teria feito essa afirmação em 1778, em carta a Charles de Weissenstein (Cf. Ibidem, pp. 30, 49 n.1, 327)Ao mesmo tempo, para Foucault, a teoria do capital humano representa um avanço da análise económica ao interior do seu próprio domínio (ibidem, p. 229)Esta teoria, ao criticar a economia política clássica pela forma em que conceituou o trabalho, propõe a sua re-introdução no campo da análise econômica a partir do ponto de vista de quem trabalha (Cf. Santos, Laymert Garcia dos. Apresentação. In: López-Ruiz, Osvaldo. Os executivos das transnancionais e o espírito do capitalismo: capital humano e empreendedorismo como valores, sociais, Rio de Janeiro: Azougue, 2007, pp. 16-18)Eu acredito que ternos ali não apenas aconseqüência pura e simples da projeção numa ideologia, ou numa teoria econômica, ou numa opção politica, das crises atuais do capitalismo. Parece-me que o que vimos nascer ali é, por um período talvez breve ou talvez um pouco maior, algo como uma nova arte de governar, ou em todo caso uma certa renovação da arte liberal de governar (Foucault, op. cit., p. 232)Ibidem, p. 237. Sobre a difusão da forma empresa como parte constituinte de um novo ethos na sociedade contemporânea, ver López-Ruiz, Osvaldo. Ethos empresarial: el 'capital humano' como valor social. Estudios Sociológicos, XXV, n. 74, mai-ago 2007, pp. 399-425Schultz, T.W., Capital, human (1968) International encyclopedia of the social sciences, pp. 278-279. , Sills, David L, ed, New York: Macmillan & Free Press Schultz, T.W., , p. 279Os primeiros economistas assumiram como uma de suas suposições fundamentais que o estado das artes permanecia constante. Na época de Smith ou de Ricardo, ter começado por abstrair-se das mudanças no terreno do estado das artes constituiu, sem dúvids, enfatizará Schultz, um golpe de mestre. Mas, nesse mundo, as mudanças ocorriam com uma lentidão glacial, concluirá Schultz: a mutação técnica podia ser ainda tomada como um evento não-usual, pedindo apenas um breve capítulo 'Sobre a Maquinaria, alude aqui aos Princípios de economia política e tributação, de Ricardo, de 1817, O progresso econômico estava enraizado na divisão do trabalho e na ampliação de um acervo cle capital 'homogêneo, com algum retardamento ramificado advindo dos rendimenros decrescentes em relação à terraRicardo, D., Principios de economía política y tributación (1994) México: Fondo de Culrura Económica, 1817, pp. 51-52 Por outro lado, estudos empíricos como o de Leibowitz concluiriam que: Aeducação da mãe estava significativamente relacionada com o QI [quociente de inteligência] do filho, enquanto a do pai não, o que indicaria que os investimentos da família i home investments: principalmente, o tempo dedicado pela mãe ao cuidado dos filhos] mais do que fatores totalmente genéticos estão por trás dessa relação (Leibowitz, Arleen. Home investment in children, Journal of Political Economy, 82, n. 2-II,m ar.-abr. 1974, p. 129)Vale a pena lembrar que outros trabalhos dedicados ao que foi chamado de economia da fertilidade foram publicados em dois suplementos especiais do Journal of Political Economy, tendo Schultz como editor. Esses suplementos - New economic approach to fertility (81, n. 2-II, 1973) e Marriage, family human capital, and fertility (82, n. 2-II, 1974) - trazem contribuições de Schultz e Becker como: The value of children: an economic perspective, do primeiro, e On the interaction between quantity and quality of children, do segundo em co-autoria com H. Gregg LewisFoucault, México: Fondo de Culrura Económica, p. 233 Formar o capital humano, formar portanto essas espécies de competência-máquina que vão produzir a renda, enfim, que vão ser remuneradas por uma renda, isso quer dizer o quê? Isso quer dizer, claramente, fazer o que é chamado de investimentos educativos (Ibidem, p. 235)Ibidem, P., 234 (grifos nossos) Ibidem, P., Ibidem, P., , pp. 234-235E continua: ou ainda daquilo que Schumpeter chamava da ' inovação' (ibidem, p. 237, grifos nossos)Schultz, , pp. 21-22Schultz, , p. 20Schultz, , p. 19Schultz não avança, mas Becker flerta. Embora não sugerindo o aprimoramento do capital humano pela via da intervenção genética, num artigo de 1973 ele afirma: se a seleção natural genética e o comportamento racional se reforcam entre si na produção de respostas mais velozes e mais eficientes às mudanças no ambiente, talvez essa função preferencial comum tenha evoluído ao longo do tempo pela seleção natural e a escolha racional como função preferencial melhor adaptada à sociedade humana (Michael, R. T. e Becker, G. On the new theory of consumer behavior. Swedish J. Econ., 75, n. 4, dez. 1973, pp. 378-96)Já em 1976, Becker vai publicar Altruism, egoism, and generic fitness: economics and sociobiology (Journal of Economic Literature, 14, n. 3, pp. 817-826), no qual argumenta que tanto a economia como a sociobiologia deveriam combinar as técnicas analíticas dos economistas com as técnicas ent genética populational e entomologia da sociobiologia. Critica também os economistas por não terem incorporado os efeitos da seleção genética e, antes de propor um modelo econômico do altruísmo, afirma: Eu acredito que uma análise mais poderosa pode ser desenvolvida. ao juntar a racionalidade individual da economia à racionalidade de grupo da sociobiologia (p. 818)Schultz, , p. 19Embora o assinalamento de Foucaultesteja,como argumentamos, focalizado nas implicações sociais e econômicas da informação genética, ele tem o mérito de antecipar em muitos anos, como bem lembrará Laymert Garcia dos Santos, a agenda das discussões contemporâneas sobre biogenetica: De certo modo, antecipando o que viria e, ao mesmo tempo, demarcando o terreno a partir do qual a bioengenharia do humano não só se torna possível como socialmente necessária e individualmente desejável, vale dizer, portanto uma aspiração social irreprimível, Foucault permite compreender por que numa perspectiva neoliberal 'não há alternativa' senão deixar que o mercado decida pela manipulação do genoma humano. Mais ainda: permite perceber que ele certamente o fará, apesar de todas as objeções dos humanistas e das salvaguaSe houver qualquer dúvida, basta ler a introdução a A theory of marriage de Becker, em que afirma: Em anos recentes, os economistas têm usado a teoria econômica mais audazmente para explicar o comportamento fora do setor do mercado monetário, e um crescente número de não-economistas têm seguido o exemplo deles. Como resultado, a discriminação racial, a fertilidade, a política, o crime, a educação, a tornada de decisão estatística, as situações adversas, a participação trabalhista, os usos do tempo de 'lazer, e outros comportamentos são muitO mais bem compreendidos. De fato, a teoria econômica pode bem estar a caminho de prover um marco unificado para todo comportamento que envolva recursos raros, não-comercializáveis tanto quanto comercializáveis, não-monetários, tanto quanto monetáDesenvolvemos nosso argumento de que conceitos que são formulados inicialmente dentro de uma teoria econômica - como, por exemplo: capital humano, inovação, empreendedorismo etc. - passam a set difundidos depois como valores sociais em: López-Ruiz, Os executivos das transnacionais e o espírito do capitalismo, op. cit. O jovem rural: empreendedor e capitalista?, Marco Social, n. 8, set. 2006, pp. 18-21 ¿Sornos todos capitalistas? Del obrero al trabajador-investidor. Nueva Sociedad, n. 202, mar.-abr. 2006, pp. 87-97Schultz, , p. 28Conforme propusemos em Ethos empresarial, op. cit