dc.description | O ser humano é por natureza um ser comunicativo e por isso não existem sociedades humanas sem língua que se materializa em uma das suas modalidades: fala, escrita ou sinais. É por meio dela que as pessoas se comunicam, demarcam o seu poder, se identificam, estabelecem relações de poder para além de manifestar autoridade. A fala é contextualizada, dependente, implícita, redundante, não planejada, imprecisa, não normatizada (MARCUSCHI, 2010). É nessas condições que se materializa a língua no seu estado natural, de forma espontânea refletindo os usos reais. A presente pesquisa debate a influência da variedade brasileira na variedade angolana, uma vez que os contatos entre as duas variedades são permanentes, especialmente por meio das redes sociais e da televisão (novelas, filmes, reportagens, programas religiosos). É verdade que “a relação entre língua e sociedade apresenta influência mútua, pois através da linguagem se participa das relações sociais de poder e as mudanças na estrutura social são decorrentes da dinâmica dessas relações” (SILVA; SOUZA, 2017, p. 1). Existe uma só língua portuguesa, mas ela não é falada da mesma forma no espaço lusófono. Ela varia e muda influenciada por fenômenos linguísticos e extralinguísticos. A pesquisa analisa a contribuição lexical do português brasileiro no português angolano e descrever os fatores extralinguísticos que favorecem essa variação, sabendo que um mito segundo o qual ‘só em Portugal se fala bem português’ (BAGNO, 2009). Trata-se de uma pesquisa quantitativa que se baseia na análise da língua falada dos angolanos em conversas informais com intuito de entender quais os fenômenos que fomentam essas interferências. O instrumento de coleta foi o questionário (Google formulário) que foi dirigido a 84 Informantes (65 homens e 19 mulheres) angolanos, a maioria com ensino médio completo, de idade compreendida de 18 a 49 anos), com intuito de compreender a variabilidade do léxico. Da pesquisa se conclui que o português brasileiro influencia no português angolano através das grandes mídias. Os termos mais recorrentes ocorrem na modalidade oral e buscam imitar a fala dos brasileiros. Alguns angolanos acham que o sotaque brasileiro é mais bonito e tendem a imitar, especialmente pastores e frequentadores de igrejas provenientes do Brasil. As novelas brasileiras passam em quase todos os canais televisivos angolanos e algumas unidades lexicais e o sotaque ficam na memória linguística dos angolanos. | |