Dissertação
Perfil nutricional de colostomizados e ileostomizados em decorrência do câncer colorretal
Autor
Silva, Ana Carolline Pereira da
Institución
Resumen
When it is necessary to temporarily or permanently divert the feces to an external opening in
the abdominal wall, an intestinal stoma is made by surgical procedure. Colorectal cancer is the
leading cause of ostomy and its incidence is increasing worldwide. There is a lack of adequate
knowledge about feed and nutrition for people with stoma, which limits specific behaviors. This
work described the nutritional profile of intestinal ostomized with emphasis on clinical,
anthropometric, biochemical and dietary assessments, comparing the differences between
colostomy and ileostomy patients assisted by the Service of Attention to the Health of the
Person Ostomized in Juiz de Fora – MG. Clinical data were obtained by consulting the patients
charts. A sociodemographic questionnaire was applied and the anthropometric profile was
determined by electrical bioimpedance, stature, arm circumference and tricipital skinfold and
classified according to the literature. In the biochemical analysis we investigated the following
parameters: hemogram, total cholesterol and fractions, triglycerides, blood glucose, basal
insulin, glycated hemoglobin, lactose tolerance, serum magnesium, serum potassium, serum
sodium, total proteins and fractions, serum ferritin, homocysteine, intact parathormone
molecule, folic acid, vitamin A, vitamin E, vitamin K and 25-hydroxyvitamin D; the feces were
also evaluated for the presence of alpha-1-antitrypsin and fat. In order to evaluate dietary habits,
some questions were asked and the quantitative food frequency questionnaire was applied. The
cross-sectional study involved the participation of 44 intestinal ostomized, being 29 colostomy
and 15 ileostomy. The average age of the participants was 61.8 years being 50% male. The
mean BMI was classified as overweight for adults and the elderly people (25.7 kg / m² and 27.6
kg / m², respectively). The arm circumference and arm muscle circumference were significantly
lower in the patients with ileostomy (p = 0.004 and p = 0.050, respectively). Biochemical tests
found a 75% frequency of lactose intolerance in study participants. The other exams do not
show differences between the groups evaluated. The fecal fat was identified in 4 (26.6%)
ileostomy patients and, only one participant, presented loss of protein in the feces. With the
help dietary assessment it was possible to identify that the majority of ostomized exclude one
or more foods from their dietary routine for fear of changes that may cause in intestineal
function. The food frequency questionnaire showed no differences between averages of energy
intake and nutrients between people with ileostomy and colostomy, but identified low intake of
calcium, magnesium, vitamin B6, vitamin B12, retinol (vitamin A), vitamin E and vitamin D,
in both groups, based on recommendations for healthy individuals. The shortage of works with
nutritional approach of the ostomized makes impossible the orientation directed to this public.
The design of the nutritional profile of intestinal ostomized is essential to assist in the wide
evaluation, monitoring and provision of adequate information for the group, which are crucial
tools to identify and prevent changes related to the nutritional state of intestinal ostomized. Quando há necessidade de desviar, temporária ou permanentemente as fezes para uma abertura
externa na parede abdominal, é confeccionado um estoma intestinal por procedimento
cirúrgico. O câncer colorretal é apontado como principal causa da estomia e sua incidência vem
aumentando em todo o mundo. Nota-se uma carência de conhecimento sobre alimentação e
nutrição adequadas para indivíduos portadores de estoma, o que limita condutas específicas
para tal. Este trabalho descreveu o perfil nutricional de estomizados intestinais com ênfase nas
avaliações clínicas, antropométricas, bioquímicas e dietéticas, comparando as diferenças entre
colostomizados e ileostomizados assistidos pelo Serviço de Atenção à Saúde da Pessoa
Ostomizada de Juiz de Fora – MG. Dados clínicos foram obtidos por meio de consulta nos
prontuários dos pacientes. Aplicou-se um questionário sociodemográfico e o perfil
antropométrico foi determinado por bioimpedância elétrica, estatura, circunferência do braço e
prega cutânea tricipital e classificados conforme a literatura. Na análise bioquímica investigouse
os parâmetros: hemograma, colesterol total e frações, triglicerídeos, glicose sérica, insulina
basal, hemoglobina glicosilada, tolerância a lactose, magnésio sérico, potássio sérico, sódio
sérico, proteínas totais e frações, ferritina sérica, homocisteína, paratormônio molécula intacta,
ácido fólico, vitamina A, vitamina E, vitamina K e 25 hidroxivitamina D; as fezes também
foram avaliadas quanto à presença de alfa-1-antitripsina e gordura. Para avaliação dos hábitos
alimentares foram realizados alguns questionamentos e aplicou-se o questionário de frequência
alimentar quantitativo. O estudo transversal contou com a participação de 44 estomizados
intestinais, sendo 29 colostomizados e 15 ileostomizados. A média de idade dos participantes
foi de 61,8 anos, sendo 50% do sexo masculino. A média do IMC foi classificada como
sobrepeso para adultos e idosos (25,7 kg/m² e 27,6 kg/m², respectivamente). A circunferência
do braço e circunferência muscular do braço foram significativamente menores nos pacientes
com ileostomia (p= 0,004 e p= 0,050, respectivamente). Os exames bioquímicos verificaram
frequência de 75% de intolerância a lactose nos participantes do estudo. Os demais exames não
demonstram diferenças entre os grupos avaliados. A gordura fecal foi identificada em 4 (26,6%)
ileostomizados e, apenas um participante, apresentou perda de proteína nas fezes. Com o auxílio
da avaliação dietética foi possível identificar que a maioria dos estomizados exclui um ou mais
alimentos de sua rotina alimentar por medo de alterações que podem causar na função intestinal.
O questionário de frequência alimentar demonstrou não haver diferenças entre as médias de
ingestão energética e de nutrientes entre ileostomizados e colostomizados, porém identificou
baixo consumo de cálcio, magnésio, vitamina B6, vitamina B12, retinol (vitamina A), vitamina
E e vitamina D, em ambos os grupos, baseado nas recomendações para indivíduos saudáveis.
A escassez de trabalhos com abordagem nutricional dos estomizados impossibilita a orientação
direcionada para esse público. O delineamento do perfil nutricional de estomizados intestinais
torna-se essencial para auxiliar em uma ampla avaliação, monitoramento e o fornecimento de
informações adequadas para o grupo, ferramentas estas cruciais para identificar e prevenir
alterações ligadas ao estado nutricional dos estomizados intestinais.