Thesis
Diálogos com adolescentes sobre relações amorosas, cidadania sexual e democracia íntima: proposições para uma Educação em Saúde Emancipatória!
Fecha
2017Registro en:
CAMPOS, Helena Maria. Diálogos com adolescentes sobre relações amorosas, cidadania sexual e democracia íntima: proposições para uma Educação em Saúde Emancipatória. 2017. 226 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Instituto René Rachou. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Fundação Oswaldo Cruz; Universidade de Coimbra. Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos nas Sociedades Contemporâneas, 2017.
Autor
Campos, Helena Maria
Institución
Resumen
A saúde sexual de adolescentes se constitui um campo de práticas e investigação em Saúde
Coletiva, devido à iniciação sexual desprotegida, baixo uso de métodos de proteção, reduzido
uso de preservativos em todas as relações sexuais, gravidez na adolescência, ISTs/AIDS,
iniquidades de gênero, dentre outros agravos. Esta pesquisa teve por objetivo compreender os
significados e sentidos das vivências afetivo-sexuais e os saberes sobre direitos sexuais
entre adolescentes na contemporaneidade para subsidiar propostas educativas emancipatórias
que promovam saúde sexual. Este estudo de abordagem qualitativa busca entender os
significados e sentidos que os sujeitos atribuem aos fenômenos, as relações que estabelecem,
correlacionando-os ao contexto sócio histórico em que se inserem e às teorias que
fundamentam as interpretações. O referencial teórico-metodológico é o das representações
sociais, entendidas como modalidades de conhecimento prático ou senso comum. O trabalho
de campo foi realizado com adolescentes de idade entre 14 a 18 anos, alunos do Ensino
Médio de uma escola pública em Belo Horizonte. Na coleta de dados utilizou-se de
entrevistas, semiestruturadas e individuais, optou-se pela análise de conteúdo para a
interpretação das informações. Os resultados apontam que direitos sexuais são preconizados
em legislações nacionais e internacionais como direitos humanos, imprescindíveis para a
vivência saudável e segura da sexualidade, entretanto não estão sendo efetivados na prática.
Evidenciou-se que a precariedade da vida, iniquidades de gênero, silenciamentos, negação de
direitos sexuais, informações qualificadas insuficientes afetam a saúde sexual de adolescentes,
além disso, que não há como garantir saúde sexual sem o exercício pleno da cidadania sexual,
sem um amplo conhecimento e usufruto dos direitos sexuais. A iniciação sexual vem
ocorrendo cada vez mais cedo e tem sido preocupação de profissionais de saúde e de
educação. A análise dos dados demonstrou que para a maioria de adolescentes entrevistados
os significados atribuídos ao sexo seguro são reduzidos ao medo de pegar doenças e da
gravidez, associados à prevenção e ao saber biomédico. Entretanto, para alguns adolescentes o
conceito de sexo seguro deve ser ampliado, de modo a incluir maior igualdade entre os
parceiros, conscientização crítica sobre sexualidade, equidade de gênero, sexo consensual,
livre de coerções e de violências íntimas. Assinalam-se contradições nos relacionamentos
amorosos entre adolescentes no mundo contemporâneo que precisam ser compreendidas e
explicitadas para favorecer escolhas conscientes e responsáveis. Concluímos que há fatores
psicológicos, culturais, sociais e políticos associados à saúde sexual, contudo relações
amorosas, direitos sexuais e sexo seguro são temas motivadores e prioritários na promoção da
saúde sexual de adolescentes. É indispensável promover o amor e prevenir a violência no
namoro. Os direitos sexuais, os direitos humanos, bem como a saúde sexual só serão
garantidos na medida em que adolescentes sejam reconhecidos e se reconheçam como
portadores de saberes e direitos. Há desafios que precisam ser enfrentados como a
implementação da saúde sexual na atenção primária e a educação em sexualidade nas escolas
para todos adolescentes. A Educação em Saúde Emancipatória baseada no referencial teórico
da Educação para a Consciência Crítica de Paulo Freire e na Justiça Cognitiva de Boaventura
de Sousa Santos propicia diálogos criativos entre os saberes científicos e os saberes nãocientíficos,
amplia a compreensão dos fenômenos e potencializa ações coletivas de luta por
democracia íntima e saúde sexual.