Tesis
Efeito do acesso intermitente a alimentos palatáveis no comportamento alimentar e nas respostas induzidas por cocaína em primatas não-humanos (Callithrix Penicillata)
Fecha
2015-10-26Registro en:
BORGES, Aline Caron. Efeito do acesso intermitente a alimentos palatáveis no comportamento alimentar e nas respostas induzidas por cocaína em primatas não-humanos (Callithrix Penicillata). 2015. 147 f., il. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Borges, Aline Caron
Institución
Resumen
O comportamento alimentar é regulado por dois sistmas complementares: o sistema homeostático e o hedônico. O primeiro regula o equilíbrio energético por meio do aumento da motivação para comer em situações de déficit energético. O segundo, relacionado ao prazer, pode sobrepor-se ao primeiro e gerar comportamentos alimentares patológicos. A compulsão alimentar e a dependência por drogas dividem, em parte, as mesmas bases neurais, uma vez que drogas de abusos se apropriam do sistema neural de recompensa de reforçadores naturais. O presente estudo teve como objetivo desenvolver um modelo animal de comportamento alimentar do tipo compulsivo em primatas não-humanos (micos-estrela; Callithrix penicillata), e investigar o efeito da pré-exposição a alimentos palatáveis (ricos em açúcar e/ou gordura) em comportamentos induzidos pela administração de cocaína. No Estudo 1, dois grupos homogêneos compostos por machos e fêmeas foram estabelecidos e submetidos a diferentes regimes alimentares: grupo HR (high restriction – acesso à bala de banana restrito a três dias por semana) e grupo LR (low restriction – acesso diário à bala de banana) por 15 min, em uma caixa de alimentação. Após quatro semanas, não foram encontradas diferenças significativas no consumo de bala entre os grupos, no entanto, houve diferença entre os gêneros. Fêmeas consumiram mais balas que machos e também apresentaram maior duração e maior frequência de forrageio, o que sugere maior susceptibilidade para o modelo animal de comportamento compulsivo em relação ao macho. Portanto, o Estudo 2 investigou o efeito da pré-exposição à dieta de cafeteria no comportamento de hipervigilância gerado pela administração de 5mg/kg de cocaína em dois grupos de fêmeas (HR: acesso à dieta de cafeteria duas vezes por semana, e GC: acesso a frutas apenas). Não foi possível observar episódio de compulsão alimentar, pois os animais do grupo HR não escalonaram a ingestão de dieta de cafeteria da primeira para a última semana de estudo (S1 vs. S6). Porém, dois perfis foram identificados: animais propensos e animais não-propensos à hiperfagia. Os animais propensos à hiperfagia também apresentaram maior vigilância após receberem um injeção de cocaína, sugerindo, assim, uma possível predisposição a desenvolver comportamentos compulsivos. No Estudo 3 foi avaliado o efeito da pré-exposição à dieta de cafeteria oferecida no viveiro de moradia por seis semanas no comportamento de preferência por lugar condicionada à cocaína (3mg/kg). O grupo de fêmeas expostas à dieta de cafeteria apresentou escalonamento no consumo alimentar, portanto, sugere-se que, com essa metodologia, é possível induzir um comportamento do tipo compulsivo em calitriquídeos. No entanto, ambos os grupos apresentaram comportamentos de preferência-por-lugar condicionada à cocaína, e esse comportamento se manteve por pelo menos quinze dias após a última sessão de condicionamento, sugerindo que a dieta de cafeteria não influenciou o efeito reforçador da droga.