Tesis
Fragmentos de uma genealogia de mulheres no contexto prisional : um estudo de relatos sobre a experiência de aprisionamento
Fecha
2015-06-03Registro en:
QUADRADO, Jaqueline Carvalho. Fragmentos de uma genealogia de mulheres no contexto prisional: um estudo de relatos sobre a experiência de aprisionamento. 2014. 208 f. Tese (Doutorado em Sociologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
Autor
Quadrado, Jaqueline Carvalho
Institución
Resumen
Na tese busco, por meio de uma genealogia, problematizar as relações entre as experiências prisionais e a constituição de processos de subjetivação. O estudo das experiências prisionais e de suas implicações na conformação de subjetividades é instrumentalizado, principalmente, sob duas ferramentas de análise formuladas em estudos genealógicos de Foucault: o poder e o saber. Assim, esta pesquisa analisou as narrativas autobiográficas de mulheres presas na Unidade Prisional Feminina de Palmas -TO, com recorte temporal de 2010 a 2012. Analisou-se como se configuram os campos de experiências e as condições que marcam a emergência dos discursos/verdades que sustentam os processos de subjetivação da mulher presa/criminosa. O objetivo é compreender as experiências de aprisionamento dessas mulheres autoras de crimes, buscando por meio de suas narrativas, fragmentos de suas experiências passadas - anteriores à prisão, envolvidas ou não na criminalidade -, e no presente, as estratégias de sobrevivência e resistências, inscritas no cotidiano, nas atividades, nos sentimentos, nas formas de controle e nas relações sociais construídas e vivenciadas por elas na prisão. As primeiras sínteses informam existir poucas diferenças entre essas várias mulheres, no que diz respeito ao mundo vivido, às condições socioeconômicas, às experiências culturais, sexual-amorosas, educativas e de trabalho. As experiências prisionais, nos aspectos subjetivos, também se assemelharam, no plano do coletivo, ainda quando possam ter se diferenciado nas especificidades do sujeito. Também possibilitou a elucidação das principais marcas dos seus desenvolvimentos biográficos: a combinação de fases - a construção de uma família, o exercício de uma profissão e a formação/educação -, as rupturas, as transições, as continuidades e descontinuidades, todas arraigadas em seus mundos de ação concretos. As narrativas denunciam a trajetória de sofrimento precoce e contínuo associada às condições de classe social - pobreza e trabalho precarizado -, vulnerabilidade da mulher, especialmente na relação conjugal - e questões geracionais - a difícil educação dos filhos. Soma-se a essas ausências a do Estado com sua precária e ineficiente "política de tratamento penal". Os dados revelaram também a capacidade dessas mulheres de usarem novos esquemas de estruturação biográfica, ligados a uma assimilação subjetiva das experiências proporcionadas ou não, no ambiente carcerário, e com ela, a produção de um sentido biográfico próprio, ainda que associado a um espaço social imediatamente próximo.