Tesis
Gênero e violência : vulnerabilidade masculina
Fecha
2015-05-12Registro en:
MOORE, Rafael Alberto. Gênero e violência: vulnerabilidade masculina. 2015. xi, 149 f., il. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Moore, Rafael Alberto
Institución
Resumen
A tradição dos estudos feministas foca em suas investigações, a violência de gênero e mostra que as mulheres são constante, e muitas vezes, fatalmente vitimadas por seus parceiros amorosos, em relações de poder desiguais. No entanto, menor atenção é dedicada ao impacto dos papéis de gênero tradicionais sobre a saúde dos homens. A partir do enfoque hegemônico da violência nas relações de gênero, que associa o homem ao papel de agressor, àquele que pratica a violência, ela tende se tornar um atributo masculino, reservando à mulher a posição de vítima, a despeito de as estatísticas mostrarem claramente a vulnerabilidade masculina à violência. Em 1961 Serge Moscovici lança um novo campo de estudo na psicologia social ao eleger como objeto de estudo o conhecimento de senso comum. Ele buscou entender os processos de transformação de uma teoria científica, em um saber do senso comum. Para Moscovici, as representações tornam algo estranho e longínquo (objetos de representação) em algo familiar e próximo (representação do objeto). Tal processo ocorre por meio da objetivação e ancoragem, que apropriam-se destes objetos e o instalam em nosso campo representacional. Para discutir como se dá a construção da violência como um atributo masculino é realizado uma ampla discussão do feminismo e de suas três ondas: luta pela igualdade, sufragismo e as discussões acadêmicas de gênero. Posteriormente são abordados os temas das masculinidades, do sexismo e do machismo, bem como o lugar do homem dentro do movimento feminista. Objetivo: Identificar nos discursos acadêmicos (universo reificado) e cotidianos (universo consensual) os sistemas representacionais que constroem e sustentam o paradoxal binômio homem-violência. Método: Foram realizados dois estudos. 1) pesquisa bibliográfica no site Scielo, por meio dos descritores homem/masculinidade e mulher/feminilidade, onde os resumos destes artigos foram analisados pelo Software ALCESTE. 2) aplicados questionários pela internet, com termos indutores homem, mulher e violência, solicitando 5 palavras ou expressões que veem a mente a partir destes termos, seleção do mais importante. Os questionários serão avaliados pelo software EVOC. Resultados e discussão: O primeiro estudo realizou três análises, uma para o corpus total, depois uma análise para os termos mulher/feminino e outra para homem/masculino. Nas três análises persistiu uma classe que trata de estudos de saúde pública em periódicos multidisciplinares. No entanto, quando este classe discute sobre mulher a categoria violência aparece como tema central, quando discute homem a violência não aparece, indicando uma visão diferenciada ao tratar da saúde de homens e mulheres. No segundo estudo a representação social de mulher encontrar elementos novos como força, guerreira e trabalhadora, constando até mesmo com feminismo como parte do que é ser mulher. A representação social de homem apresenta grande carga negativa, com termos como egoísta e violento, além de possuir elementos que o associam a violência, como força (física) e poder. Conclusão: Conclui-se que existe um entendimento diferenciado quando se trata da violência, que associa a mulher ao papel de vítima/passivo e o homem ao papel de autor/ativo. Não se encontra nos dados analisados o entendimento do homem como vítima da violência. A invisibilidade das vulnerabilidades do homem e a construção de seu papel como dominador e agressor contribuem para a formação de representações sociais que o afastam de um local de cuidado.