doctoralThesis
As representações sociais sobre a participação democrática de gestores de escolas públicas em Alagoas
Registro en:
CRUZ NETO, Tiago Leandro da. As representações sociais sobre a participação democrática de gestores de escolas públicas em Alagoas. 214f. 2014. Tese (Doutorado em Educação)– Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2014.
Autor
CRUZ NETO, Tiago Leandro da
Institución
Resumen
Este trabalho é resultado do processo de doutoramento (2010-2014) cujo objetivo foi investigar e analisar as Representações Sociais (RS) de gestores de Escolas Públicas de Alagoas sobre a participação democrática. A tese foi a de que a representação da participação democrática é ancorada em experiências não democráticas. Desenvolvemos uma abordagem que levou em consideração elementos dos contextos macro (concepções de participação democrática que circulam nas representações coletivas, políticas públicas e seus contextos discursivos sobre a participação) e microssocial (ideias e experiências que circulam na realidade mais imediata dos sujeitos da pesquisa). Trabalhamos com conceitos da filosofia da práxis de Gramsci como hegemonia, Estado ampliado e ético-político; da Teoria das Representações Sociais (TRS) buscando destacar os elementos psicossociais caracterizando a ancoragem e a objetivação das representações sociais; consideramos, ainda, as ideias de democracia efetivamente participativa com hegemonia. Do contexto macrossocial, trabalhamos com políticas públicas da educação desenvolvidas durante os governos Lula (2003-2010). Do contexto microssocial, consideramos as características de uma cultura autoritária fortemente presente em Alagoas. De natureza predominantemente qualitativa, embora utilizada algumas técnicas consideradas quantitativas, a metodologia considerou a abordagem processual da TRS. Fizemos uso das técnicas documental, associativa (TA – Teste de associação livre de palavras) e interrogativa (TI – Entrevistas semiestruturadas). Os dados coletados indicam que tem perdido força a concepção de uma efetiva democracia e de participação que apregoa o controle social e a democratização do Estado. Assim, a gestão democrática da educação e da escola pública, tal como defendida e difundida pelos setores progressistas da educação, que preconizavam uma progressiva ampliação dos canais de participação da sociedade civil e do controle social, está sendo substituída pelo discurso participacionista de sociedade de bem-estar social, preconizado pelo projeto neoliberal de terceira-via. Este discurso tem sido consensuado entre os governos, por meio da ideia do “pacto social” e da tutelação dos espaços de participação da sociedade; igualmente, pelos grupos dominantes da sociedade civil organizada que buscam pedagogizar os sujeitos através de uma participação nos limites da caridade e do voluntariado. Assim, as representações sociais dos sujeitos pesquisados fogem a concepção de participação efetivamente democrática. Ainda que aquelas forças, na luta política, tenham conquistado na legislação o estabelecimento da gestão democrática nas escolas públicas, o que tem predominado é um tipo de participação pulverizada no sentido do não fortalecimento do controle social. Contraditoriamente, as RS dos sujeitos da pesquisa também estão associadas ao autoritarismo, à violência e ao medo políticos, elementos que compõem o contexto microssocial dos alagoanos e que são caracterizados como valores e práticas antidemocráticas.