masterThesis
Transtornos mentais comuns associados ao processo de trabalho e qualidade de vida em pósgraduandos dos programas de residência na área de saúde no Recife
Registro en:
Novaes Carvalho, Carla; Alberto Gomes Carvalho, João. Transtornos mentais comuns associados ao processo de trabalho e qualidade de vida em pósgraduandos dos programas de residência na área de saúde no Recife. 2008. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciência do Comportamento, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2008.
Autor
CARVALHO, Carla Novaes
Institución
Resumen
Os transtornos mentais comuns (TMC) expressam fenômenos psicopatológicos
caracterizados por sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento,
dificuldade de concentração e queixas somáticas. Recentemente, os TMC têm sido
investigados em grupos específicos, como profissionais de saúde, e o interesse por sua
relação com o processo do trabalho e a qualidade de vida tem crescido nos últimos
anos. Este estudo teve como objetivo determinar a prevalência de transtornos mentais
comuns e sua associação com variáveis sociodemográficas, características do
programa de treinamento, consumo de drogas, qualidade de vida em pós-graduandos
dos programas de residência de medicina, enfermagem, nutrição e saúde coletiva da
cidade do Recife. Foi conduzido um estudo transversal, em 2007, envolvendo uma
amostra aleatória em que 178 residentes responderam a um conjunto de questões,
inclusive as do JCQ (Job Content Questionaire) e do SRQ-20 (Self-Reporting
Questionnaire). Para análise dos dados, estimou-se a prevalência de TMC e sua
associação com as variáveis foi mensurada pelas odds-ratios (OR), simples e ajustadas
pela regressão logística. A probabilidade máxima de erro para rejeição da hipótese nula
foi de 5%. A prevalência total dos TMC foi de 51,1% e não esteve associada a variáveis
sociodemográficas (p>0,05). A magnitude de prevalência entre os residentes médicos
(56,2%) e residentes não-médicos (40,4%) apresentou diferença limítrofe (p=0,05).
Registraram-se experiências dos residentes com uso de anfetaminas (9,1%),
antidepressivos (10,7%) e ansiolíticos (14,4%), bem como maconha, solventes, tabaco
e álcool. O uso de antidepressivos esteve associado 21 vezes aos TMC e o de
ansiolíticos, cinco vezes. De um ponto de vista global, a percepção dos residentes
quanto à qualidade de vida foi negativa. Os TMC estiveram associados ao trabalho de
alta exigência entre os residentes, globalmente (OR=11; IC 95% 3,44 - 35,54) e ao
trabalho ativo entre os residentes médicos (OR=10; IC 95% 2,58-41,42). Após ajuste
dos fatores de confusão, somente o tempo de treinamento acima de oito horas diárias
(p=0,00) e as características do processo de trabalho de baixa habilidade (p=0,00) e
alta demanda (p=0,00) mantiveram-se associadas aos TMC. A elevada magnitude dos TMC, em jovens profissionais da área de saúde, em treinamento em programas de
residência, associada a algumas características do processo de trabalho revela neste
contexto a existência de fatores produtores ou desencadeadores de sofrimento mental
e, neste sentido, torna imperativa a necessidade de transformações nesse ambiente,
além de estratégias para prevenção, detecção precoce e tratamento adequado dos
doentes