doctoralThesis
Contribuições ao estudo do eletrocardiograma e da pressão arterial em preguiças, Bradypus variegatus
Registro en:
Magalhães da Silva, Eduardo; José Eduardo das Dores Peres da Costa, Carlos. Contribuições ao estudo do eletrocardiograma e da pressão arterial em preguiças, Bradypus variegatus. 2007. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2007.
Autor
SILVA, Eduardo Magalhães da
Institución
Resumen
Os objetivos deste trabalho foram caracterizar o eletrocardiograma (ECG) e
estabelecer o ritmo endógeno da pressão arterial (PA) em livre-curso,
correlacionando-o à ocorrência de comportamentos, em preguiças, Bradypus
variegatus. Para a caracterização do ECG foram estudados 16 animais (12 e
4), cedidos pelo IBAMA, os quais foram previamente aclimatizados ao
cativeiro e ao ambiente de estudo durante 2 semanas. Para o estudo do ECG
os animais foram colocados em uma cadeira experimental, que lhes permitia
adotar as posturas habituais descritas na literatura e o ECG foi registrado por
um período de 2 horas, a intervalos de 15 minutos, por 20 segundos. Os
valores médios dos componentes do ECG mostraram-se compatíveis com os
de outros vertebrados de mesmo porte e mesma faixa de freqüência cardíaca
(FC). 24% do tempo total do ciclo elétrico cardíaco é ocupado pela
despolarização atrial (PRi) e a despolarização e repolarização ventricular (QTi)
corresponde a 76%, sendo o PRi menor e o QTi maior que o da maioria dos
mamíferos de mesmo porte. O eixo elétrico instantâneo de ativação atrial (ÂP)
apresentou-se deslocado para a esquerda e para baixo, com valor médio de
+34º. Os eixos de despolarização (ÂQRS) e de repolarização ventricular (ÂT)
ocuparam o quadrante superior esquerdo, com valores médios respectivos de
-35º e -23º. A avaliação do comportamento e da PA foi realizada em 4 animais
machos. Os animais foram mantidos em uma sala experimental, com
iluminação artificial e temperatura média de 24±1ºC, por 10 dias para
observação comportamental, onde permaneceram do 1º ao 5º dia submetidos a
ciclos claro-escuro (CE) de 12h-12h (luzes acesas às 6:00h) e do 6º ao 10º dia,
submetidos a claro constante (CC). Os dados de comportamento foram
registrados por observação direta e gravação em vídeo até o 10º dia e apenas
por observação direta a partir do 11º dia, quando o animal teve canulada a
artéria carótida, para acoplamento do transmissor de pressão. O registro da PA
foi contínuo durante todo o período de observação e foi determinado pelas
condições de captação do sinal, variando entre 72 e 120h. O período médio do
ritmo endógeno expresso pela PA média (PAM) foi de 1570±33,9min (26:10h) e
o da FC foi de 1439±7,5min (23:59h), apresentando ampla faixa de variação
em suas acrofases. Dentre os comportamentos estudados, o comportamento
motivacional ALIMENTAR exibiu ritmicidade circadiana, com período médio de
1523±64min (25:23h) e acrofases variando, preferencialmente, após o horário
de oferta da alimentação. O comportamento de atividade motora DESLOCAR
exibiu ritmicidade circadiana, com período médio de 1553±26min (26:53h) e
acrofases, tipicamente, ocorrendo após o horário de transição claro-escuro.
Todos os comportamentos de repouso exibiram ritmicidade circadiana, com
períodos médios em 1493±128min (24:53h) para a POSTURA HABITUAL,
1508±73min (25:08h) para REPOUSO NO CHÃO e 1489±126min (24:49h)
para REPOUSO NO GALHO. Os comportamentos de atividade ALIMENTAR e
DESLOCAR promoveram elevações significativas da PAM (41% e 33%,
respectivamente) e da FC (33% e 14%, respectivamente). Os resultados
obtidos sugerem que o ECG da preguiça Bradypus variegatus é elétrica e
morfologicamente comparável ao de outros mamíferos de mesmo porte e que,
quando o animal está na posição ereta, seu coração ocupa uma posição semihorizontalizada.
E, quando o livre-curso é induzido pela condição da CC, osperíodos médios dos ritmos expressos pela PA, FC e pelos comportamentos
são circadianos, contudo diferentes dos ritmos sincronizados pelo CE,
decorrente do ciclo geofísico da terra