Dissertação
Avaliação do efeito neuroprotetor da Quercetina em camundongos expostos a um herbicida à base de Glifosato
Evaluation of the neuroprotective effect of Quercetin in mice exposed to a glyphosate herbicide
Registro en:
BICCA, Diogo Ferreira. Avaliação do efeito neuroprotetor da Quercetina em camundongos expostos a um herbicida à base de Glifosato. 75 p. Dissertação (Mestrado em Bioquímica) – Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, 2020.
Autor
Bicca, Diogo Ferreira
Institución
Resumen
As symptoms following exposure to pesticides such as glyphosate based herbicides (GBH’s)
and those of neurological diseases such as depression are similar, it has been hypothesized that pesticide exposure has an association with neurological diseases. The aim of this study was to investigate whether quercetin use would protect against neurological changes following
exposure to a subchronic low dose of a GBH. Forty adult male Swiss mice were divided into
four treatment groups: Control, Glyphosate, Quercetin and Gly+Quer groups. According to the
group, mice received 50 mg/kg of a GBH solution, 30 mg/kg of quercetin, and/or vehicles via
gavage, for 30 days. The animals were subjected to behavioral tests, including open field (OF),
elevated plus maze (EPM), forced swim test (FST) and sucrose preference test (PST). After
euthanasia, hippocampal tissues were collected to measure oxidative stress markers such as
reactive species (REs), total antioxidant capacity (FRAP), reduced glutathione (GSH),
acetylcholinesterase activity (AChE) and for histological evaluation. The dorsal raphe nucleus
was collected for neurotransmitter analysis of serotonin, dopamine and noradrenaline. The
Glyphosate group showed anxious and depressive-like behavior in the EPM and FST tests, as
well as expressed increased RE levels and decreased GSH levels in the hippocampus. The
Quercetin group showed similar behavior as the Glyphosate group after treatment, with no
alterations in the other parameters evaluated. However, the Gly+Quer group showed partial or
total improvement in behavioral tests (EPM, FST) and reduced oxidative stress markers (REs
and GSH). The results reveal that exposure to a subchronic low dose of glyphosate herbicide
was capable of promoting alterations in the central nervous system. Furthermore, this study
demonstrated the existence of an apparent quercetin paradox, the benefits of which could be
enhanced by hormesis mechanisms. As similaridades das condições fisiopatológicas encontradas no sistema nervoso central em
patologias neurológicas como a depressão, e decorrentes da exposição a pesticidas como o
glifosato, tem gerado interesse quanto a possíveis associações entre ambas condições. Ao
mesmo tempo, compostos naturais como a quercetina vem adquirindo maior destaque na
literatura devido ao seu potencial para a promoção da defesa do organismo contra insultos
exógenos e no tratamento de doenças, atribuídos a sua capacidade antioxidante e moduladora
de processos fisiológicos importantes. Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a capacidade da exposição subcrônica a uma subdose de um herbicida à base de glifosato (HBG) de provocar alterações a nível de sistema nervoso central de camundongos e da quercetina em promover neuroproteção quando suplementada concomitantemente, por meio da análise de ocorrência de comportamento tipo ansioso/depressivo, e de marcadores bioquímicos, neuroquímicos e histológicos nos diferentes grupos de tratamento. Para isto, quarenta camundongos machos Swiss adultos, foram divididos em quatro grupos, recebendo por gavagem no período de 30 dias as doses de 50 mg/kg de um HBG, 30 mg/kg de quercetina e/ou veículos (H2OD/carboximetilcelulose 0,3%-CMC) assim sendo: Controle (H2OD/CMC),
Glifosato (HGB/CMC), Quercetina (H2OD/Quer) e Gli+Quer (HGB/Quer). Ao final do período,
os animais foram submetidos a testes comportamentais de Campo Aberto (OF), Labirinto em
Cruz Elevado (EPM), Nado Forçado (FST) e Preferência da Sacarose (SPT). Em sequência, os
camundongos foram eutanasiados e os hipocampos removidos para análises bioquímicas de
marcadores de estresse oxidativo como espécies reativas (ER’s), capacidade antioxidante total
(FRAP), glutationa reduzida (GSH) e atividade da acetilcolinesterase (AChE), sendo alguns
selecionados para análise histológica. Ainda, foram coletados tecidos da região dorsal do núcleo da rafe para determinação dos neurotransmissores serotonina, dopamina e noradrenalina. Os resultados demonstraram que apesar de não ocorrerem diferenças significativas entre os grupos no teste OF, os animais do grupo Glifosato e, surpreendentemente, do grupo Quercetina, apresentaram comportamento tipo ansioso no teste EPM e tipo depressivo no FST, quando comparados ao grupo Controle. O grupo Glifosato obteve níveis aumentados de ER’s e diminuídos de GSH em relação ao grupo Controle, não ocorrendo diferenças significativas na atividade da AChE e na capacidade antioxidante total. Apesar do efeito per se da quercetina no comportamento, o grupo Gli+Quer apresentou melhora parcial ou total nos testes comportamentais (EPM e FST) e parâmetros de estresse oxidativo do hipocampo (ER’s e GSH).
Como conclusão, os resultados demonstram o potencial do herbicida de causar alterações no
sistema nervoso central mesmo com uma dose considerada baixa, quando administrada de
forma subcrônica. Ainda, foi possível observar a existência de um aparente paradoxo da
quercetina, cujos benefícios podem estar associados a mecanismos horméticos.