Technical Report
Geologia e recursos minerais da folha Crateús: SB.24-V-C-III
Registro en:
COSTA, Felipe Grandjean da (Org.). Geologia e recursos minerais da folha Crateús: SB.24-V-C-III. Fortaleza: CPRM, 2017. Escala 1:100.000.
978-85-7499-330-0
Autor
COSTA, Felipe Grandjean da
Institución
Resumen
A Folha Crateús (SB.24-V-C-III) localiza-se na porção oeste do Estado do Ceará,
com parte no Estado do Piauí, sendo limitada pelos paralelos 05°00’S e 05°30’S
e meridianos 40°30’W e 41°00’W. O contexto geológico regional é referente ao
Domínio Ceará Central, porção norte da Província Borborema. O Domínio Ceará
Central é representado por um embasamento arqueano/paleoproterozoico,
supracrustais meso/neoproterozoica e intensa granitogênese neoproterozoica
associada ao evento Pan-Africano/Brasiliano, responsável pela colagem ocidental
do supercontinente Gondwana.
Na Folha Crateús, a unidade mais antiga, provavelmente paleoproterozoica
(?), refere-se ao Complexo Canindé do Ceará, mapeado como uma seqüência
predominantemente paraderivada, composta por biotita-gnaisses, migmatitos,
lentes de rochas metabásicas e matacalcários. Sobre este domínio gnáissicomigmatítico,
rochas metapelíticas da Formação Caraúbas (Grupo Novo Oriente)
ocorrem na forma de xistos sobrepostos tectonicamente. Para os metassedimentos
do Grupo Novo Oriente, dados da literatura sugerem deposição em ambiente de
margem passiva de idade meso/neoproterozoica.
Grande parte da área mapeada, cerca de 40 %, é representada por um domínio
granito-migmatítico neoproterozoico denominado de Complexo Tamboril - Santa
Quitéria. Na Folha Crateús este complexo foi dividido em quatro unidades: (1)
Diatexitos, representados principalmente por uma fase anatética rosa, de natureza
cálcio-alcalina de alto-K, levemente peraluminosa, derivada da fusão parcial de rochas
dioríticas/tonalíticas de crosta média/inferior. (2) Os Granitoides Santa Quitéria,
que constituem intrusões sin- a tardi-anatéticas, apresentam feições de mistura
de magmas, e são representados por monzonitos, sienitos e quartzo-monzonitos,
com assinatura shoshonítica e raramente ultrapotássica. Para este magmatismo
híbrido é sugestiva, para a gênese dos termos mais primitivos (enclaves máficos
magmáticos), a participação de uma fonte mantélica previamente enriquecida por
metassomatismo. Uma amostra de meta-qtz-monzonito forneceu idade U-Pb em
zircão de 634 +/- 10 Ma e TDM (Sm-Nd) de 2,69 Ga. (3) Os Metadioritos Xavier
se distinguem por constituírem rochas de composição cálcio-alcalina de médio- a
baixo-K, provavelmente oriundos de fonte mantélica e/ou crosta máfica inferior.
Análise U-Pb em zircão e TDM (Sm-Nd) em uma amostra de metadiorito revelaram
idades de 618 +/- 23 Ma e 2,19 Ga, respectivamente. (4) A Unidade Morro dos
Torrões é marcada por gnaisses cálcio-silicáticos, metatonalitos e local participação
de metariolitos. Estas rochas metavulcânicas apresentam feições primárias
preservadas (bombas, lapili?), e um exemplar apresentou idade de 610 +/- 10
Ma (U-Pb em zircão) e TDM (Sm-Nd) de 2,28 Ga. Para os metariolitos, sugerese
um contexto sin a pós-colisional, enquanto que os gnaisses cálcio-silicáticos e
metatonalitos ainda necessitam de investigação geocronológica. A granitogênese
do Complexo Tamboril - Santa Quitéria, provavelmente também representa um
evento magmático sin a pós-colisional, provavelmente relacionado ao processo de
Slab Breakoff durante colisão continental neoproterozoica.
Neste trabalho foram mapeados granitoides sem deformação (isotrópicos) que
intrudem na forma de pequenos corpos (stocks) próximos da zona de cisalhamento
Tauá (Gabro-dioritos Pedra Preta), e na porção noroeste da folha (biotita-granitos
Serra do Picote). Os biotita-granitos da Serra do Picote ocorrem próximos a depósitos
molássicos que afloram no leito do rio Poti. Estes depósitos são representados por conglomerados sustentados pela matriz, com clastos de até 1 metro. As rochas
sedimentares da bacia intracratônica do Parnaíba ocorrem na porção oeste da
folha, no topo da Serra Grande, e são representadas por arenitos e arenitosconglomeráticos
da Formação Jaicós (Grupo Serra Grande). Foram mapeados
na porção sudoeste do mapa, sedimentos inconsolidados do Quaternário, que
provavelmente desenvolveram-se em função do recuo erosivo da escarpa da
Serra Grande, onde “grande” volume de material desagregado foi transportado e
depositado na forma de colúvio e alúvio.
No âmbito de recursos minerais, a área tem forte potencial para materiais de uso
na construção civil e insumos para agricultura (ex: calcário). Foram cadastradas 17
ocorrências minerais de diferentes classes utilitárias, sendo 6 jazimentos de calcário,
3 ocorrências de granito industrial, 4 ocorrências de rocha ornamental, 1 ocorrência
de argila e 2 ocorrências de areia.