São muitos os elementos produtores de adoecimento psíquico entrelaçados à docência na Educação Infantil brasileira. Diante disso, a presente pesquisa buscou mapear os efeitos produzidos pela pandemia da COVID-19 na saúde mental das professoras da Educação Infantil da rede municipal de Florianópolis e os possíveis processos de adoecimento psíquico. Os aspectos teóricos foram pensados a partir das reflexões de Michel Foucault acerca da biopolítica, saúde mental e o cuidado de si, e relacionados com entrevistas realizadas com três professoras de Núcleos de Educação Infantil Municipais. Os dados produzidos foram discutidos por meio da análise de práticas discursivas de Mary Jane Spink e, a partir deles, foi possível perceber que a pandemia nos revelou um cenário ainda mais desafiador para a docência. Entre os elementos que atravessam a produção de saúde mental das professoras e os processos de adoecimento, as políticas públicas educacionais que conduziram o trabalho das professoras aparecem como um aspecto bastante relevante. Além disso, as questões de gênero e a constituição histórica da docência na Educação Infantil como profissão majoritariamente feminina, o acúmulo de funções, o aumento das demandas de trabalho e a falta de condições apropriadas para a docência remota também estão entrelaçados aos processos de adoecimento psíquico.