Artigo de Evento
O que pensam os alunos concluintes e egressos da pedagogia sobre seu curso e sua profissão?
Autor
Calderano, Maria da Assunção
Santos, Juliana Célia dos
Magalhães, Fabiana Gomes de
Institución
Resumen
- Trata-se de um levantamento sobre as aproximações e distanciamentos entre a visão dos alunos de Pedagogia que se encontram no final do curso,
com aquelas apresentadas pelos alunos que estão no início de sua inserção universitária. Teve-se como parâmetro uma pesquisa anterior dirigida a
esse mesmo agrupamento de sujeitos – alunos da Pedagogia – em que foram consideradas suas opiniões sobre o curso e sua formação fazendo
esse paralelo entre a opinião dos iniciantes e concluintes do curso. Desse levantamento foram feitos aprofundamentos junto aos concluintes que já
possuíam uma inserção profissional no campo educacional. Ao se focalizar a definição de seu Curso e de sua profissão, foi possível identificar entre
os concluintes uma diferenciação interna entre as definições apresentadas. O aluno concluinte da Pedagogia carrega uma clareza de idéias no que
se refere à postura crítica necessária ao professor, reconhecendo a inerente responsabilidade de superar os paradigmas tradicionais da educação
ligados à transmissão ou cumprimento de tarefas pré-estabelecidas. No que se refere ao campo da docência – em se tratando das séries iniciais do
ensino fundamental – nota-se uma satisfação quanto ao conhecimento encontrado e construído durante o curso. Essa visão difere do aluno iniciante
que não tem uma clareza das dimensões a serem trabalhadas no interior do próprio curso. No entanto no que tange ao trabalho de gestão
educacional e mesmo de pesquisa, observa-se que os alunos concluintes apresentam severas críticas, incluindo aí a carência sentida quanto aos
estudos na área da educação infantil e EJA. Essas lacunas também não são visualizadas pelos alunos iniciantes pelos mesmos motivos antes
apontados – ausência de uma visualização do corpus específico do curso. Há que se ressaltar uma diferenciação interna entre esses alunos
concluintes no que se refere às lacunas por eles apontadas. Nota-se que a maioria dos alunos que não tem inserção profissional no campo
educacional ou em outras atividades acadêmicas específicas – grupos de pesquisa, bolsista de iniciação científica, bolsista de treinamento
profissional. Os alunos que não passaram por essas experiências reclamam do curso, mas não encontram saídas plausíveis. A oportunidade de
recuperação de alguns hiatos nessa formação é visualizada por alguns deles como um esforço desnecessário por estar à véspera de sua formatura.
Poucos alunos se apresentam para esse desafio, embora essa minoria demonstre qualitativamente um salto epistemológico visível comparado aos
dados levantados no início e ao final do período em que se disponibilizam a um aprofundamento teórico conceitual proposto. Ao contrário, o universo
dos alunos concluintes que possuem experiências acadêmicas significativas, apresenta uma postura crítico-ativa perante o curso e o seu campo de
trabalho. Eles conseguem apontar lacunas e esboçam alternativas de superação dessas lacunas. O mesmo ocorre com os egressos do curso que
atuam como profissionais da educação. Em sua grande maioria, eles creditam ao curso valores específicos relativos à sua formação, mas criticam o
distanciamento entre a vida universitária e a vida escolar, entre as teorias estudas e o exercício prático de transposição didática. Apontam os riscos
intrínsecos ao processo de aprendizagem quando ele não propicia o exercício da atividade profissional de modo conjugá-lo com as reflexões teóricas
de modo a qualificar ambos os campos, convergindo-os na práxis que organiza e vitaliza o conhecimento, a reflexão e a ação. Considerando as
lacunas acadêmicas no espaço de interseção entre a formação de professores, o campo de atuação e as políticas educacionais, identifica-se –
sobretudo, a partir de estudos sobre o estado da arte (ANDRÉ; SIMÕES; CARVALHO; BRZEZINSKI, 1999; MESSINA, 1999) – a fundamental
importância de reunir esforços no sentido de ampliar e aprofundar as reflexões em torno do significado do processo de formação no campo da
atuação do profissional em educação. Através desse estudo foi, pois possível identificar uma fragilidade epistemológica que compromete a segurança
profissional dos alunos concluintes que se vêem despreparados, conceitualmente, para assumir o campo profissional como espaço de atuação dentro
de um conhecimento específico esbarrando-se muitas vezes em opiniões de tipo senso comum. Em outro espaço, mas num mesmo sentido, os
egressos, buscam, em sua maioria, na própria prática e na de seus colegas um recurso importante para sua atualização. O processo de formação
prévio é visualizado como âncora - embora frágil – que permite algumas referências a serem aprimoradas.