Tese
Trajetórias de professoras negras: educação, gênero e raça
Autor
Silva, Kelly da
Institución
Resumen
The present thesis, developed in the Graduate Program in Education of the Federal University of Juiz de Fora, intended to investigate the following question: how did the students of the Pedagogy course of the State University of Minas Gerais - UEMG-Belo Horizonte build themselves as teachers and deal with the theme of intersectionality between gender and race in the classroom space? And also, how do they sustain their performance in school institutions? In order to do so, both the initial and the continuous training have been observed, considering that to become a teacher says of a continuous process that goes from the entrance to graduation to the questions of the teaching exercise that constantly summon us to put our ways of thinking and acting under suspicion, which desubjective-subjective. Initially, we sought to know how the stories of the feminist movement and the black feminist movement were formed. Then a relationship is made with possible constructions that link them to the process of developing public policies for quotas, later, to studies on gender and race and the composition of identities and subjectivities. As methodological procedures of this research, the analysis of documents that produce discourses on quota policy and how they are telling about the relationship between race and gender at the public university, especially at UEMG, and the production of the area were used. In addition to these procedures, semi-structured interviews were carried out with former students of the Pedagogy course at UEMG-BH who are now in the classroom. The school trajectory of the interviewees until high school shows that they have suffered violence, discrimination and racial prejudice since early childhood education. Some cited the importance of affirmative action policies and the need for teachers to be trained to deal with the issue in the classroom and throughout the school environment. They describe that they did not see in childhood and adolescence the actions of their teachers to inhibit the violence they suffered and that, even today, there are many barriers to act with the issue. However, there are more possibilities for the development of practices that contribute to the elimination of racism at school. These women have achieved success in school and today demonstrate in their accounts that they contribute to an antirracist education that goes from different treatment than they had in childhood to contact with their peers and raising their awareness so that the theme of both gender and race has space in the school environment, welcoming students. A presente tese, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora, pretendeu investigar a seguinte questão: como as egressas cotistas do curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG-Belo Horizonte se construíram como professoras e lidam com a temática da interseccionalidade entre gênero e raça no espaço da sala de aula? E, ainda, como se sustenta a sua atuação nas instituições escolares? Para tal, observaram-se tanto a formação inicial quanto a continuada, considerando que o fazer-se professora diz de um processo contínuo que vai da entrada na graduação às questões do exercício da docência que nos convocam constantemente a colocar nossas formas de pensar e agir sob suspeita, o que nos dessubjetiva-subjetiva. Inicialmente, buscou-se conhecer como se constituíram as histórias do movimento feminista e do movimento feminista negro. Em seguida, procede-se a uma relação com possíveis construções que as vinculam ao processo de desenvolvimento de políticas públicas para cotas, posteriormente, aos estudos sobre gênero e raça e a composição de identidades e subjetividades. Como procedimentos metodológicos desta pesquisa, foram utilizadas a análise dos documentos que produzem discursos sobre a política de cotas e como eles estão dizendo da relação entre raça e gênero na Universidade pública, especialmente na UEMG, e a produção da área. Para além desses procedimentos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com ex-alunas cotistas do curso de Pedagogia da UEMG-BH e que hoje estão em sala de aula. A trajetória escolar das entrevistadas até o Ensino Médio demonstra que elas sofreram violência, discriminação e preconceito racial desde a Educação Infantil. Algumas citaram a importância das políticas de ações afirmativas e a necessidade de que os professores estejam capacitados para lidar com a temática em sala de aula e em todo ambiente escolar. Descrevem que não viram na infância e adolescência ações de suas professoras para inibirem as violências que sofriam e que, ainda hoje, existem muitas barreiras para atuarem com a temática. No entanto, existem mais possibilidades para o desenvolvimento de práticas que contribuem para a eliminação do racismo na escola. Essas mulheres alcançaram o sucesso escolar e hoje demonstram, em suas narrativas, que contribuem para uma educação antirracista que passa desde o tratamento diferente do que tiveram na infância ao contato com os colegas e à conscientização destes para que a temática tanto de gênero como de raça tenha espaço no ambiente escolar, acolhendo estudantes.