O presente estudo faz uma reflexão sobre o Acompanhamento Terapêutico, a importância da família dentro desse processo, abordando também uma discussão acerca da luta antimanicomial. O AT é uma prática clínica de intervenção fora dos espaços tradicionais do setting terapêutico, sendo uma de suas funções a reabilitação social. O objetivo deste trabalho é elaborar uma reflexão acerca da inserção das famílias dentro do Acompanhamento Terapêutico com indivíduos em sofrimento psíquico do tipo psicótico na perspectiva dos profissionais de AT. Para alcançar o objetivo foram realizadas 03 entrevistas semiestruturadas com profissionais que praticam AT há mais de dois anos, sendo um profissional do Estado do Ceará, outro do Estado de Minas Gerais e o último do Distrito Federal. Para a análise das informações qualitativas foi utilizada a metodologia da Hermenêutica da Profundidade, dividida em três partes: contextualização sócio-histórica; análise formal e/ou discursiva; e reinterpretação. A análise formal foi dividida em quatro categorias: 1) O indivíduo, a família e os cuidados iniciais; onde se aborda o primeiro contato entre o AT, a família e o acompanhado, e o que sucede após esse contato; 2) O preconceito e a importância do AT na desconstrução dos estigmas; o tópico revela o preconceito vivenciado pelos sujeito em sofrimento psicótico dentro da sociedade, e levando em consideração esse contexto, o tópico discorre um pouco a respeito de como o AT pode trabalhar na desconstrução desses estereótipos; 3) O encontro com as resistências da família no cuidado; nessa categoria foi verificada a importância de delimitar um papel para os envolvidos no processo do tratamento terapêutico; e 4) O cuidado para poder cuidar; nesse último tópico é destacada a relevância de cuidar da família para que esta possa cuidar do sujeito em sofrimento. Como última parte do processo de análise foi feita uma reflexão sobre a importância de uma demarcação dos papéis de cada um (família, AT e acompanhado) no processo de acompanhamento terapêutico.