A concepção de morte sofreu diversas alterações através dos séculos. Inicialmente encarada como parte do curso natural da vida, que, na maioria das vezes ocorria no âmbito domiciliar, esse processo foi progressivamente transportado para os hospitais e afastado da realidade, tanto doméstica quanto educacional e social. Assim, pouco a pouco a morte se tornou assunto proibido e intocado e, apesar de ser uma condição indubitável da existência, as incertezas que permeiam o morrer frequentemente assustam e intimidam profissionais, pacientes e seus familiares. Em meados do século XX, Cicely Saunders propôs uma forma de cuidado diferenciada, que abraçava a morte como o desenrolar natural da vida e acolhia doentes que passavam por esse processo, suas dores físicas, emocionais, sociais e espirituais, denominada Cuidados Paliativos (CP). Contudo, apesar da ascensão desse novo modelo de assistência, a realidade da maioria das escolas médicas brasileiras ainda é valorizar o pragmatismo tecnológico e a objetividade do cuidado em detrimento da subjetividade do paciente, sua espiritualidade, seus medos, desejos e angústias. Dessa forma, o presente trabalho objetivou analisar a noção dos estudantes de medicina do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) acerca de Cuidados Paliativos e o ganho de conhecimento sobre o tema ao longo da graduação, assim como o papel da faculdade como meio facilitador para a aquisição de tais conhecimentos, o nível de interesse dos estudantes com relação à CP, e a percepção destes quanto à inclusão da espiritualidade do paciente na prática médica. Para isso, um questionário elaborado pelas autoras foi distribuído aos alunos do primeiro, terceiro e sexto ano de medicina da universidade em questão com posterior análise de dados, o que permitiu avaliar se o contexto da faculdade analisada corresponde ou não a um microcosmos da realidade nacional.