TCC
Psicoterapia centrada na pessoa: evidências empíricas do processo de reintegração da personalidade, observadas em estudo de caso
Autor
Pereira, Luciano Gomes de Carvalho
Institución
Resumen
A Psicoterapia Centrada na Pessoa foi criada por Carl Rogers como resposta ao
desafio de desenvolver uma ciência humana autêntica, no âmbito da Psicologia,
segundo uma nova concepção. Com o passar dos anos, firmou-se como uma das
principais abordagens humanistas em Psicologia, tendo como premissa básica a
tendência ou impulso, inerentes ao ser humano, de concretizar, manter e aperfeiçoar
o organismo que experimenta. Postula que o desajustamento psicológico decorre de
situações ameaçadoras, que ativam na pessoa mecanismos de defesa capazes de
evitar ou distorcer a simbolização da experiência. A Psicoterapia Centrada na
Pessoa tem por finalidade estabelecer um contexto de relações humanas positivas,
condição necessária à liberação da experiência bloqueada, ensejando a mudança
da percepção. Como fruto da maior congruência entre a imagem de si e a
experiência — em que consiste o processo de reintegração da personalidade —, o
comportamento do indivíduo pode modificar-se. O processo terapêutico desenvolvese
a partir de atitudes de autenticidade, compreensão empática e consideração
positiva incondicional, manifestadas pelo psicoterapeuta em relação ao cliente; desta
forma, o primeiro se torna, para o segundo, um outro significativo. Estabelecidas tais
condições, o processo tende a evoluir gradativamente, ao longo de sete estágios,
definidos por Rogers, com características próprias. Mediante a adoção de método
qualitativo de pesquisa, procedeu-se ao estudo de um caso, relativo a trabalho
psicoterapêutico, segundo a Abordagem Centrada na Pessoa, em clínica voltada
para a formação de psicólogos, mantida pelo UniCEUB. A cliente, do sexo feminino,
com 30 anos de idade, foi atendida em dois semestres consecutivos, no ano de
2007, por dois diferentes estagiários, alunos de graduação em Psicologia.
Apresentava um quadro severo de depressão, ansiedade, comportamentos
obsessivo-compulsivos, tendo manifestado ideação suicida. Embora viesse aos
poucos, a partir de evento traumático, adquirindo consciência acerca dos graves
abusos físicos e emocionais e da exploração material de que era vítima, revelava-se
impotente para modificar tal situação. Estabelecida a aliança terapêutica, a
psicoterapia evoluiu de forma satisfatória, constatando-se progressiva mudança de
fases, desde a terceira até a quinta, no decurso das dez últimas sessões.
Identificaram-se evidências empíricas do processo de reintegração da personalidade
e de outros aspectos da teoria da personalidade preconizada por Carl Rogers. Uma
eventual contribuição que o presente estudo de caso possa oferecer à Ciência
poderá ser confirmada — ou, quiçá, contraditada — mediante a realização de
trabalhos congêneres.