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Sistema alimentar e patrimônio imaterial: o chouriço no Seridó
Autor
CAVIGNAC, JULIE ANTOINETTE
DANTAS, MARIA ISABEL
Institución
Resumen
O artigo apresenta dados etnográficos da festa da matança de porco e da produção
de um doce – o chouriço na região do Seridó, no Rio Grande do Norte. Apresentado como
um dos elementos definidores da identidade seridoense, o doce é analisado aqui como
patrimônio imaterial. Se o consumo de alimentos está ligado a espaços, tempos, práticas,
situações e comportamentos coletivamente vividos e imaginados, com a análise dessa
prática alimentar, temos a oportunidade de explorar um sistema alimentar que informa
sobre a organização e a lógica simbólica da sociedade sertaneja: é a ocasião de trocas,
distribuições e retribuições quando se realiza o exercício da reciprocidade, apesar de esses
alimentos serem revestidos de tabus e interdições. Durante a festa é possível percebermos
elementos do sistema simbólico local (valores, crenças, representações e tabus) e dos
aspectos sociais. O forte simbolismo que envolve a carne de porco e o sangue, bem como
a sua ingestão, está relacionado a fatores simbólicos, sociais e imaginários. Fatores estes
responsáveis pela transformação de alimentos proibidos em “alimentos-dádiva” que são
capazes de gerar relações sociais e revelar uma cultura tradicional ainda performativa.
Palavras-chave: sistema alimentar; identidade; tradição; festa; patrimônio imaterial