Caderno pedagógico
As inferências no conto “Missa do galo” (Caderno pedagógico)
Autor
Cruz, Maria Cristina Fontes da
Institución
Resumen
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES Caro colega professor,
Como você sabe, o nosso público é composto por jovens adolescentes e confesso que o pensamento cultivado por esses meninos e meninas no que diz respeito ao conceito de velho e novo sempre me causou um certo desconforto. Todas as vezes que os estudantes são indagados se conhecem determinada letra de música ou filme, constantemente a resposta é a mesma: “não conhecemos porque é velho”. Imagine qual seria resposta se a pergunta fosse referente a um texto do século dezenove! Os alunos supõem que aquilo que não foi criado nos dias atuais é inútil, ruim e sem graça porque não está na moda.
Assim dito, propus-me a confeccionar com uma sequência didática que tem como um de seus objetivos fazer os alunos perceberem a atemporalidade de uma obra literária. Entendemos que a maioria dos alunos se comporta dessa forma porque não lhes foi mostrado da forma devida que algo para ser belo e divertido não necessariamente tem que ser do tempo deles. “não conheço porque não é do meu tempo”, ou mesmo, “eu não era nem nascido nesse tempo”. A ingenuidade dessas respostas pode ser atribuída a uma deficiente preparação da própria escola, assim como do meio familiar.
Outro motivo que justificou essa sequência didática foi a percepção de que os educandos do Ensino Fundamental, em sua maioria, tinham dificuldade em abstrair informações implícitas de um texto, as chamadas inferências. Assim sendo, acreditei que o conto “Missa do galo” poderia “matar dois coelhos de uma cajadada só”, uma vez que é uma obra clássica e, por conseguinte, atende ao primeiro propósito que é desmitificar a problemática do “velho” e sem sombra de dúvidas é a “seara” perfeita para se estudar as informações não ditas e não expressas diretamente.
É sabido que alguns professores são resistentes no tocante à utilização dos textos clássicos em suas aulas por motivos diversos, como por exemplo, acharem que os alunos não vão gostar, ou por acreditar ser impossível tornar esse tipo de leitura atraente.
É possível que essa sequência didática atenue a oposição do colega professor de usar os cânones da literatura em suas aulas, pois sugere uma possibilidade de condução dos alunos à leitura do texto literário. Servirá como ferramenta para ajudar no exercício de fazer inferências. Consideramos, inclusive, que a partir dessa sequência didática a que nos propomos, os alunos possam se acostumar a buscar nos demais textos que lerem doravante, as informações contidas nas entrelinhas. Haverá grande probabilidade de sucesso se o colega docente não descuidar do incentivo dessa prática junto aos alunos.
Dito isso, esperamos sinceramente que essa singela sequência didática seja útil para sua prática pedagógica, prezado colega. Todo esforço na elaboração dessas dicas terá valido a pena se contribuir de alguma forma para que nossos estudantes aprendam a fazer inferências, assim como despertarem para o gosto da leitura e especialmente do texto literário. São Cristóvão, SE