Dissertação
Mortalidade por esquistossomose mansoni no Brasil : modelagem de risco espaço-temporal e associação com indicadores socioeconômicos
Schistosomiasis-related mortality in Brazil: spatiotemporal risk modeling and association with socioeconomic indicators
Registro en:
PAZ, Wandklebson Silva. Mortalidade por esquistossomose mansoni no Brasil : modelagem de risco espaço-temporal e associação com indicadores socioeconômicos. 2021. 189 f. Dissertação (Mestrado em Biologia Parasitária) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2021.
Autor
Paz, Wandklebson Silva da
Institución
Resumen
Schistosomiasis is a chronic-parasitic disease, caused by worms of the genus Schistosoma and
classified into the Neglected Tropical Diseases. It still represents a serious public health
problem, with significant mortality rates and socioeconomic impact worldwide, affecting nearly
240 million people in 78 countries in Africa, Asia, and Latin America. In Brazil, schistosomiasis
mansoni is endemic in 19 states, with an estimated over 1.5 million infected people.
Considering this, our study aimed to assess the epidemiological aspects and spatiotemporal
patterns associated with schistosomiasis-related mortality in Brazil, between 1999 and 2018.
We conducted an ecological, time series and spatial analysis study using mortality data obtained
from the Brazilian Ministry of Health's Mortality Information System (SIM/DATASUS/MSB).
First, we analyzed all deaths that occurred in Brazil between 1999 and 2018, in which
schistosomiasis was mentioned as a basic or associated cause of death. Next, we calculated the
specific mortality coefficients to analyze time trends using segmented linear regression. We
also investigated the factors associated to death from schistosomiasis, comparing them with
general deaths. Additionally, the causes of death that have often been associated with
schistosomiasis have been described. For spatial analysis, we used the spatial autocorrelation
analyzes using the global Moran Index and local Moran, and retrospective spatiotemporal
scanning statistics. Finally, we carried out herein a correlation analysis between
schistosomiasis-related mortality and socioeconomic factors. We observed herein that 14,419
deaths related to schistosomiasis were recorded in Brazil between 1999 and 2018, with an
average coefficient of mortality for the entire period of 0.38 per 100,000 inhabitants. During
the time series, mortality showed a decreasing trend at the national level, however with different
patterns among regions. Importantly, there was a reduction in mortality in all regions through
basic and multiple causes and a pattern of stability through associated causes. Additionally, the
major mortality causes associated with schistosomiasis as a basic cause were mainly liver
complications, such as general diseases of the digestive system (13.51%), general liver diseases
(11.28%), shock (8.90%), esophageal varices (8.10%) and fibrosis and liver cirrhosis (7.85%).
Spatial analysis identified high-risk clusters for schistosomiasis-related mortality involving
states in the Northeast and Southeast regions of Brazil. The correlation analysis showed that
mortality related to schistosomiasis had a significant association with 47/48 socioeconomic
indicators. As a result, despite the reduction in mortality from schistosomiasis in Brazil, the
disease is still a neglected cause of death, with considerable regional differences. Proposals and
actions to combat the disease should focus on increasing coverage and intensified control
measures targeted at each region, to avoid the occurrence of severe forms of schistosomiasis
and associated deaths. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES A esquistossomose é uma doença parasitária de evolução crônica, causada por parasitos do
gênero Schistosoma e classificada entre as Doenças Tropicais Negligenciadas. Ela ainda
representa um grave problema de saúde pública, com significativas taxas de mortalidade e
impacto socioeconômico no mundo, afetando cerca de 240 milhões de pessoas em 78 países da
África, Ásia e América Latina. No Brasil, a esquistossomose mansoni é endêmica em 19
estados, com estimativa de mais de 1,5 milhões de infectados. Destarte, este estudo objetivou
avaliar os aspectos epidemiológicos e os padrões espaço-temporais associados à mortalidade
por esquistossomose mansoni no Brasil, entre 1999 e 2018. Foi realizado estudo ecológico, de
série temporal e análise espacial com dados de mortalidade obtidos do Sistema de Informação
sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/DATASUS/MS). Foram analisados todos os
óbitos ocorridos no Brasil entre os anos de 1999 a 2018, nos quais a esquistossomose foi
mencionada como causa básica ou associada de morte. Foram calculados os coeficientes de
mortalidade específicos para analisar as tendências temporais por meio de regressão linear
segmentada. Foram investigados os fatores associados ao óbito pela esquistossomose,
comparando-os com os óbitos gerais. Além disso, foram descritas as causas de morte que se
associaram com a esquistossomose. Para análise espacial, foram utilizadas as análises de
autocorrelação espacial por meio do Índice de Moran global e Moran local, e a estatística de
varredura espaço-temporal retrospectiva. Por fim, foi feita análise de correlação entre a
mortalidade relacionada à esquistossomose e fatores socioeconômicos. Entre 1999 e 2018,
ocorreram 14.419 óbitos relacionados à esquistossomose no Brasil, com coeficiente médio de
mortalidade de 0,38/100.000 habitantes. Durante o período de estudo, a mortalidade apresentou
tendência decrescente em nível nacional, porém com padrões diferenciados entre as regiões.
Observou-se redução da mortalidade em todas as regiões através das causas básicas e múltiplas
e padrão de estabilidade por meio das causas associadas. As principais causas associadas à
esquistossomose como causa básica foram principalmente as complicações hepáticas, como
doenças gerais do aparelho digestivo (13,51%), doenças gerais do fígado (11,28%), choque
(8,90%), varizes esofagianas (8,10%) e fibrose e cirroses hepáticas (7,85%). A análise espacial
identificou clusters de alto risco para mortalidade relacionada à esquistossomose envolvendo
estados da região Nordeste e Sudeste do Brasil. A análise de correlação mostrou que a
mortalidade relacionada à esquistossomose possuiu associação significativa com 47/48
indicadores socioeconômicos. Com isso, apesar da redução da mortalidade, a esquistossomose
ainda é uma causa negligenciada de morte no Brasil, com diferenças regionais
consideráveis. As propostas e ações para o combate à doença devem focar no aumento da
cobertura e em medidas de controle intensificadas e direcionadas a cada região, para evitar a
ocorrência de formas graves de esquistossomose e mortes associadas. São Cristóvão, SE