Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)Os estudos sobre a relação entre a República Federativa do Brasil e o Estado de Israel, fundamentalmente, estão em constante desenvolvimento na bibliografia brasileira; e os trabalhos existentes sobre o tema contemplam diferentes ênfases analíticas nos aspectos políticos, econômicos ou culturais entre os dois países. Ao escolher aprofundar sobre o caráter político da relação bilateral, este presente trabalho pretende contribuir para o debate das relações Brasil-Israel ao analisar a retórica do poder executivo e legislativo brasileiro sobre o Estado judeu. Para isso, este trabalho tem como objeto de pesquisa os pronunciamentos do executivo e do legislativo brasileiro durante duas administrações: o governo Dilma (2011-2016) e o governo Temer (2016-2018). Ao estabelecer este recorte temporal, este trabalho tem como objetivo responder a seguinte pergunta: Houve alguma mudança, a nível da retórica do discurso político, nos pronunciamentos dos poderes legislativo e executivo na passagem do governo Dilma para o governo Temer, no que tange a imagem de Israel? Para formular algumas considerações, este trabalho utilizará como método um breve mapeamento descritivo-explicativo do banco de dados de notas e pronunciamentos da Presidência da República e do Itamaraty; e de discursos realizados em plenário da Câmara dos Deputados. Dessa forma, pretende-se testar a hipótese sobre o nível de apoio que o poder legislativo dá para a condução da política externa do poder executivo, que é comumente descrita como uma relação de alinhamento entre os dois poderes. Este trabalho constrói, a priori, a seguinte hipótese: No governo Dilma, houve um alinhamento retórico entre os dois poderes no posicionamento em pautas referentes à Israel, com um alto índice de pronunciamentos apoiando a condução do governo nesta temática. Com a perda de popularidade após a reeleição, Dilma perde drasticamente apoio político, e isto se reflete em um aumento do número de discursos contrários ao modo que as relações com Israel estavam sendo conduzidas. Após o impeachment, o governo Temer perdeu a oportunidade atender demandas domésticas para mudar a relação com o Estado de Israel, principalmente aquelas advindas do Congresso, e manteve boa parte das posições defendidas historicamente pelo Brasil e pelo governo anterior. Portanto, espera-se identificar na análise dos pronunciamentos do novo governo um nível baixo de convergência de posições entre os dois poderes neste tema.