Dissertação
Padrões do desenvolvimento da antera em espécies de Microlicieae (Melastomataceae)
Registro en:
LIMA, Jamile Fernandes. Padrões do desenvolvimento da antera em espécies de Microlicieae (Melastomataceae). 2013. 90 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2013.
Autor
Lima, Jamile Fernandes
Institución
Resumen
Melastomataceae is a family of pantropical distribution, with representatives recognized
mainly by their acrodromally veined leaves, but also by long stamens and/or appendices in
connective and usually falciform with poricidal anthers. However, the variations found in the
wall of the anthers induce the need for research on a larger number of species, especially in
Microlicieae, one of the most representative tribes of Melastomataceae in Brazil, with over
90% of its species from Cerrado. In this context, this paper presents a structural study of
Microlicieae anthers addressing two aspects: the anther wall development of Chaetostoma,
Lavoisiera, Microlicia, Rhynchanthera, Stenodon and Trembleya finding features that
contribute to the delineation of these genera (Chapter 1) and the development of
polysporangiate anthers in Microlicia (M. euphorbioides, M. fasciculata, M. helvola and M.
graveolens) (Chapter 2). The initial development of the anther wall is similar in the studied
species, differentiating from periclinal divisions of secondary external layers. These
differences lead to two types of anther wall development: monocotyledonous in Stenodon
suberosus and Trembleya phlogiformis, and basic in the other species. The latter is reported in
Melastomataceae for the first time. During microsporogenesis, tetrasporangiate anther wall
consists of uniseriate epidermis, endothecium with thickening primary, middle (s) layer (s)
and glandular tapetum, differentiating itself mainly by the number of strata of the middle
layers. The presence of thickened endothecium cells in all species and the large number of
strata in the middle layer of Lavoisiera imbricata, L. mucorifera, Rhynchanthera dichotoma
and S. suberosus may be related to the pollination process, acting as an additional support in
anther. At anthesis, most species presents anther wall composed of epidermis and
endothecium or epidermis, endothecium and middle layer; only M. tetrasticha presents anther
wall with thickened cells from epidermis and endothecium. Regarding the development of the
polysporangiate anthers in Microlicia, the parenchymal tissue divides transversely, as can be
observed from the early stages of development. During the anther dehiscence, both the
longitudinal and transverse septa degenerate, leaving only some idioblasts with druses, which
seems to indicate that these septa are not directly related to the pollen development, as
suggested by some authors. With the comparative results, we conclude that the anther
structural features indicate that Microlicia is a taxa close to Trembleya than to Lavoisiera,
which in turn share a great number of characteristics with Rhynchanthera, such as dimorphic
stamens, elongated connective, anther wall development of basic type, thickened epidermal
cells, persistent endothecium, thickened endothecium cells and druses in connective. In all studied species of Microlicieae, Stenodon is the most distinct taxon presenting in common
with the other Melastomataceae representatives only the basic type of anther wall
development, epidermal cells with primary thickenings, persistence of a middle layer and
presence of druses. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Mestre em Biologia Vegetal Melastomataceae é uma família com distribuição pantropical, com representantes
reconhecidos principalmente pela nervura acródroma de suas folhas, mas também pelos
estames prolongados e/ou com apêndices no conectivo e geralmente falciformes com anteras
poricidas. Entretanto, as variações encontradas na parede das anteras induzem à necessidade
de investigação em um maior número de espécies, especialmente em Microlicieae, uma das
três tribos mais representativas de Melastomataceae no Brasil, com mais de 90% de suas
espécies ocorrentes no Cerrado. Neste contexto, o presente trabalho apresenta um estudo
estrutural das anteras em Microlicieae abordando dois aspectos: o desenvolvimento da parede
das anteras de Chaetostoma, Lavoisiera, Microlicia, Rhynchanthera, Stenodon e Trembleya
levantando características que auxiliem na delimitação destes gêneros (Capítulo 1) e os
processos da formação das anteras polisporangiadas em Microlicia (M. euphorbioides, M.
fasciculata, M. graveolens e M. helvola) (Capítulo 2). O desenvolvimento inicial da parede da
antera é similar nas espécies estudadas, se diferenciando a partir das divisões periclinais das
camadas secundárias externas. Estas diferenças levam a dois tipos de desenvolvimento da
parede: monocotiledôneo em Stenodon suberosus e Trembleya phlogiformis; e básico nas
demais espécies estudadas. Este último é relatado pela primeira vez em Melastomataceae.
Durante a microsporogênese, a parede da antera é formada por epiderme unisseriada,
endotécio com espessamento primário, camada(s) média(s) e tapete glandular, se
diferenciando principalmente pelo número de estratos da camada média. A presença de
espessamentos nas células do endotécio em todas as espécies e o número elevado de estratos
na camada média nas anteras de Lavoisiera imbricata, L. mucorifera, Rhynchanthera
dichotoma e S. suberosus podem estar relacionados ao processo de polinização, atuando como
um suporte adicional na antera. Na antese floral, a maioria das espécies apresenta parede
composta por epiderme e endotécio ou epiderme, endotécio e camada média; apenas M.
tetrasticha apresenta parede formada por epiderme e espessamento oriundo das células do
endotécio. Em relação ao desenvolvimento das anteras polisporangiadas de Microlicia, o
tecido parenquimático, que divide transversalmente o tecido esporogênico, já pode ser
observado desde os estágios iniciais de formação das camadas parietais. Durante a deiscência
desta antera, os septos longitudinais e transversais degeneram, restando apenas alguns
idioblastos com drusas, o que parece indicar que estes septos não estão diretamente
relacionados com a regulação do pólen, como sugerido por alguns autores. Com os resultados
comparativos, concluímos que as características estruturais da antera indicam que Microlicia é um grupo mais próximo à Trembleya do que à Lavoisiera, que por sua vez compartilhou um
maior número de características com Rhynchanthera, como estames dimórficos, conectivo
prolongado, espessura da antera, desenvolvimento da parede do tipo básico, células
epidérmicas com espessamento, endotécio persistente, células do endotécio espessadas e
drusas no conectivo. De todas as espécies estudadas de Microlicieae, Stenodon é o táxon mais
distinto apresentando em comum com os demais representantes de Melastomataceae apenas
desenvolvimento do tipo básico, células epidérmicas com espessamento primário, persistência
de uma camada média e presença de drusas.