Artigo
Movimento agroecológico no Brasil: a construção da resistência a luz da abordagem neogramsciana
The agroecological movement in Brazil: crafting resistance in the light of a neo-gramscian approach
Registro en:
FONTOURA, Y.; NAVES, F. Movimento agroecológico no Brasil: a construção da resistência a luz da abordagem neogramsciana. Organizações & Sociedade, Salvador, v. 23, n. 77, p. 329-347, 2016.
Autor
Fontoura, Yuna
Naves, Flávia
Institución
Resumen
Recognizing the need for research on social movements and on neo-Gramscian
discourse approach in resistance in Organizational Studies, we ask: in what
way the agroecological movement in the city of Araponga (MG) promotes
resistance to the hegemony of agribusiness from the reconstruction of
different aspects of social reality in the region? The methodological design includes
bibliographical research and field research. The latter was conducted through semistructured
interviews with actors involved in the agroecological experience developed
in the municipality of Araponga. The interviews were analyzed in order to establish
connections between agroecology and agroecological knowledge, social relations,
autonomy from markets and value system. The results show that the agroecological movement resists agribusiness through the articulation of a counter-hegemonic
identity developed from: association and engagement with other social movements
and non-governmental actors; knowledge construction by small farmers legitimized
as interlocutors with public institutions and markets, reflecting on changes in power
relations. Reconhecendo a necessidade de pesquisas sobre movimentos sociais no campo
dos Estudos Organizacionais e partindo de uma abordagem de discurso
neogramsciana em resistência, indagamos: de que forma o movimento agroecológico
no município de Araponga (MG) promove resistência à hegemonia
do agronegócio a partir da reconstrução de diferentes aspectos da realidade social na
região? O desenho metodológico inclui pesquisa bibliográfica e também pesquisa de
campo, esta última realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com atores
envolvidos na experiência agroecológica desenvolvida no município de Araponga.
As entrevistas foram analisadas buscando estabelecer relações entre agroecologia e
conhecimento agroecológico, relações sociais, autonomia em relação a mercados e
sistema de valores. Os resultados apontam que o movimento agroecológico resiste ao
agronegócio por meio da articulação de uma identidade contra-hegemônica desenvolvida
a partir de: associação e engajamento com outros movimentos sociais e agentes
não governamentais; construção de conhecimentos pelos agricultores familiares que
se legitimam como interlocutores nas relações com órgãos públicos e mercados, refletindo
em mudanças nas relações de poder.