Artigo de Periódico
Em busca de carvão vegetal barato: o deslocamento de siderúrgicas para a Amazônia
Registro en:
2179-7536
Autor
MONTEIRO, Maurílio de Abreu
Institución
Resumen
The article analyzes the process the installation and operation, in the Eastern Brazilian Amazon area, of merchant pig iron producers the past two decades. In a smaller number and in a slower rhythm than expected by the state planners, twelve producers have settled in the Carajas Railroad Corridor. A merchant pig iron production requires high amounts of energy, supplied by charcoal. The article indicates meant an industry migration to that region whereas, until the 90’s, such producers were almost exclusively located in the Brazilian southeast, and that the charcoal demand is the main link between the industrial plants and the regional socio-economy. The charcoal production has resulted in many social and environmental impacts. Impacts materialized by the big pressure on the Amazon rain forest through imprudent environmental practices, and by charcoal production supported by precarious labor conditions, unhealthy
working environment, and low wages. Such
a scenario draw one alternative: the
maintenance of pig iron production using the
current patterns and the attachment of
electric arc furnace on the existents blast
furnaces in order to produce steel. At end
the article appoints that the installing minimills do not solve the main socioenvironmental problem in the region: the processing of iron ore linked to the harmful effects caused by charcoal production. On the contrary, they can be even worsened. O artigo analisa o processo de instalação, na Amazônia Oriental brasileira, de diversos produtores independentes de ferro-gusa, nas últimas duas décadas. Mesmo em número e velocidade menores do que
indicava o planejamento estatal, foram
implantadas no Corredor da Estrada de Ferro Carajás doze siderúrgicas. São empresas dedicadas somente à produção desta commoditie cuja produção requer elevada quantidade de energia suprida por carvão vegetal. Neste artigo, mostramos que houve deslocamento para a Amazônia de indústrias que até os anos 90 estavam concentradas exclusivamente no Sudeste brasileiro e que a demanda de carvão vegetal consolidou-se como principal elo de articulação da siderurgia com a socioeconomia da região de Carajás. A
produção de carvão vegetal tem acarretado
muitos impactos sociais e ambientais na região Amazônica. Impactos que se materializam pela ampliação da pressão exercida sobre a floresta amazônica, por práticas ambientalmente imprudentes e pela produção do carvão vegetal sustentada por trabalho precário, mal remunerado e insalubre. Exemplo de um cenário diante do qual se desenha como alternativa é a manutenção da fabricação de ferro-gusa nos moldes atuais e a incorporação de pequenos fornos elétricos a arco para a
produção de aço. Contudo, a possível
instalação de mini-aciarias na região, por si
só, não resolve o principal problema
socioambiental que envolve o beneficiamento do minério de ferro na região, vinculado aos efeitos deletérios da produção carvoeira, podendo inclusive agravá-los.