Tese
Recomposição socioterritorial em contexto de mineração: Utopia e distopia do PAE Juruti Velho – Pará, Baixo Amazonas
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Autor
MIRANDA, Tania Nazarena de Oliveira
Institución
Resumen
This work, from an informed perspective in the sociology of public action, challenges the complex relationships that took place between communities and the mining company Alcoa, from 2009, in Juruti Velho, district of Juruti (Baixo Amazonas). The research privileged observations about the Juruti Velho Agroextractivist Project, as an initiative inscribed in the developments in terms of the socio-territorial recomposition produced with the aluminum exploration venture, thus inaugurating, at the same time, a conflict arena involving traditional communities, publics agents, corporations, catholic Church and social movements, actors of different backgrounds and relevance. In this process, there are experiences of intense conflicts resulting from internal differences in the communities, somehow related to the presence of mining activities and interests in that territory. The data collected resulted from a methodological approach close to action research with involved riverside communities. Interviews, direct observations at meetings of the association to which 53 local communities are affiliated, as well as photographic records constitute the techniques by which the basis of data and information was built, in which it was identified as emblematic of the rupture of neighborhoods ties previously witnessed by the practice of puxiruns (group work aimed at completing a task more quickly). An important practice in a social recomposition of the territory, through local actions with which the communion of utopias was an agglutinating element. Thus, in Juruti Velho there will be an intense process of articulation and popular mobilization aiming at recognition as a traditional community and, through this recognition, the titling of their lands. As a result of this process, the management of royalties, paid as a counterpart to the bauxite mining rights, is now carried out by the communities in order to promote the sustainable development of the territory. It is through this management, here interpreted as territorial, and its dynamics in terms of utopias and dystopias, involving the representatives of the communities involved in the Juruti Velho Agroextractivist Project, as well as in the process of resignification of the puxiruns, which sought to understand the contradictory relations between the communities and the mining company, and in them what is projected as a future in relation to the territory, object in which, and around which, actors mobilize to reach a goal, in this case, the control of their management, according to with the demands of sustainable development. It is understood that the harnessing of royalties under the management of the Association of Riverside Juruti Velho (Acorjuve), while, at the same time, signifying achievements, integrated a territorial recomposition, bringing challenges faced with the resignification of traditional social practices such as puxirum, thus enabling new prospects for the future of the territory. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Este trabalho, a partir de uma perspectiva da sociologia da ação pública, interpela as complexas relações que se produziram entre comunidades e a mineradora Alcoa, a partir de 2009, na localidade de Juruti Velho, distrito do município de Juruti, Baixo
Amazonas, no oeste do Pará. A pesquisa privilegiou observações sobre o Projeto
Agroextrativista Juruti Velho, como iniciativa inscrita nos desdobramentos em termos
de recomposição socioterritorial produzida com o concurso do empreendimento de
exploração de alumínio, inaugurando com isso, e ao mesmo tempo, uma arena de
conflitos envolvendo comunidades tradicionais, agentes públicos, corporações, Igreja
católica e movimentos sociais, atores de diferentes formações e relevância. Nesse
processo, experiências de intensos conflitos resultantes de divergências internas nas
comunidades, de alguma forma relacionados à presença das atividades e dos
interesses da mineração naquele território. Os dados levantados resultaram de um
percurso metodológico próximo da pesquisa-ação junto a comunidades ribeirinhas
envolvidas. Entrevistas, observações diretas em reuniões da associação à qual estão
filiadas atualmente 53 comunidades locais, e também registros fotográficos
constituem as técnicas, por meio das quais foi construída a base dos dados e
informações, nos quais se identificou como emblemático dos conflitos a ruptura de
laços de vizinhança anteriormente testemunhados pela prática dos puxiruns (trabalho
em prol do bem comum). Prática importante numa recomposição social do território,
através de ações locais com as quais a comunhão de utopias constituiu elemento
aglutinador. Assim sendo, em Juruti Velho se dará intenso processo de articulação e
mobilização popular visando reconhecimento enquanto comunidade tradicional e,
através desse reconhecimento, a titulação de suas terras. Como resultado desse
processo, hoje, a gestão dos royalties, pagos como contrapartida ao direito de lavra
da bauxita, é realizada pelas comunidades com a finalidade de promover o
desenvolvimento do território. É através dessa gestão, aqui interpretada como
territorial, e de sua dinâmica em termos de utopias e distopias, envolvendo os
representantes das comunidades implicadas no Projeto Agroextrativista de Juruti
Velho, assim como no processo de ressignificação do puxirum, que se buscou
compreender as contraditórias relações existentes entre as comunidades e a
mineradora, e nelas o que se projeta como futuro em relação ao território, objeto no
qual, e em torno do qual, atores se mobilizam para alcançar um objetivo, neste caso,
o controle de sua gestão, de acordo com as exigências do desenvolvimento
sustentável. Compreende-se que o emprego dos royalties no PAE Juruti Velho, sob a
gestão da Associação das Comunidades Ribeirinhas de Juruti Velho (Acorjuve), ao
mesmo tempo em que significou conquistas (abastecimento de água potável, casas
populares, rabetas, etc), integrou uma recomposição territorial, trazendo desafios
enfrentados com a ressignificação de práticas sociais tradicionais como o puxirum,
possibilitando, com isso, novas perspectivas de futuro do território.