Dissertação
Desigualdade de gênero e alocação intradomiciliar de nutrientes na adolescência
Gender inequality and intra-household nutrient allocation in adolescence
Registro en:
SANTOS, Renata de Souza. Desigualdade de gênero e alocação intradomiciliar de nutrientes na adolescência. 2021. 63 f. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2021.
Autor
Santos, Renata de Souza
Institución
Resumen
Diante do elevado percentual de inadequação no consumo de nutrientes entre os brasileiros, especialmente na adolescência, e considerando que a iniquidade na alocação dos recursos dentro do domicílio pode gerar uma redução de bem-estar de determinados membros em detrimento de outros do mesmo domicílio, torna-se necessário investigar a existência de desigualdade na alocação intradomiciliar de nutrientes no Brasil. Além disso, quando há desigualdade no consumo alimentar entre os membros de um domicílio, existe a possibilidade desse não estar seguro no aspecto alimentar. Assim, o presente trabalho buscou responder aos seguintes questionamentos: Existe desigualdade de gênero na alocação intradomiciliar de nutrientes entre os indivíduos de 10 a 18 anos no Brasil? Quais os fatores a influenciam? Deste modo o objetivo do trabalho é mensurar a desigualdade na alocação de calorias, carboidratos, gorduras, proteínas, ferro, vitamina C e vitamina D dentro dos domicílios entre meninos e meninas com idade entre 10 a 18 anos, para verificar se existe desigualdade em direção as meninas, grupo que geralmente se encontra em posição de desvantagem de acordo com a literatura. Foi dado como hipótese a existência de desigualdade prejudicial às meninas para todos os nutrientes, exceto calorias e carboidratos. Foram utilizados os microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF-IBGE) de 2017/2018. A desigualdade foi mensurada através de um índice contínuo de adequação relativo para os nutrientes selecionados. Para tanto, utilizou-se duas análises, uma na forma contínua, por meio da regressão linear, e uma na forma binária, utilizando a regressão logística, para conhecer os fatores associados ao fenômeno. Não foram encontradas evidências de desigualdade prejudicial às meninas em comparação com os meninos, para a maioria dos nutrientes selecionados. Apenas no caso do ferro, foram encontrados indícios de desigualdade alocativa. Assim, neste estudo não foram encontradas evidências de forte desigualdade prejudicial ao grupo de interesse. Os resultados suportaram a hipótese de equidade alocativa em relação aos carboidratos. Quanto a vitamina C e D, a desigualdade se mostrou prejudicial aos meninos. Ao analisar os fatores preditores da desigualdade intradomiciliar na alocação de nutrientes os resultados foram diversos. Cabe destacar ao considerar a ingestão de calorias, a segurança alimentar foi um fator que contribuiu para diminuir a desigualdade alocativa. A chefia feminina contribuiu para aumentar as chances das meninas passarem por desigualdade prejudicial. A escolaridade do chefe de família se mostrou um fator desfavorável a desigualdade para os micronutrientes: ferro, vitamina C e vitamina D. O tamanho da família, a faixa etária que o adolescente pertence, o fato do adolescente ter trabalhado, as variáveis de classes de rendimentos e de localização trouxeram resultados diversos em todas as análises feitas. Palavras-chave: Desigualdade. Alocação intradomiciliar de nutrientes. Gênero. Adolescência. Given the high percentage of inadequate nutrient consumption among Brazilians, especially in adolescence, and considering that an inequity in the allocation of resources within the household can generate a reduction in the well-being of members at the expense of others in the same household, it becomes necessary to investigate the existence of inequality in the intra-household allocation of nutrients in Brazil. Furthermore, when there is inequality in food consumption among members of a household, there is the possibility that they are food insecure. So, this study sought to answer the following questions: Is there gender inequality in the intra-household allocation of nutrients among individuals aged 10 to 18 in Brazil? What factors explain it? So, the purpose of this study is to measure the inequality in the allocation of calories, carbohydrates, fats, proteins, iron, vitamin C and vitamin D within households between boys and girls aged 10 to 18 years, to check if there is inequality towards girls, a group that is generally in a disadvantaged position according to the literature. The existence of inequality towards girls was hypothesized for all nutrients except calories and carbohydrates. Microdata from the POF/IBGE in 2017/2018 were used. Inequality was measured through a continuous index of relative adequacy for the selected nutrients. For that, two analyzes were used, one in continuous form, through linear regression, and one in binary form, using logistic regression, to determine the predictors of household inequity. No evidence of detrimental inequality for girls compared to boys was found for most selected nutrients. Only in the case of iron, evidence of allocative inequality was found. In this study, no evidence of strong inequality harmful to the interest group was found. The results supported the hypothesis of allocative equity to carbohydrates. For vitamin C and D, inequality proved detrimental to boys. When analyzing the predictors of intra-household inequality in nutrient allocation, the results were diverse. Considering the intake of calories, food security was a factor that contributed to reducing allocative inequality. Female household headeship has contributed to increasing girls' chances of experiencing harmful inequality. Education of the household head proved to be an unfavorable factor in inequality for micronutrients: iron, vitamin C and vitamin D. Household size, the age group the adolescent belongs to, the fact that the adolescent has worked, income classes and location showed different results in all analyses. Keywords: Inequality. Intra-household nutrient allocation. Gender. Adolescence.