Este trabalho tem por objetivo propor uma leitura da ficção Água viva (1973), de Clarice Lispector. Para tal, focaremos no constante nascimento da escrita ao longo das páginas, que passa pela gestação no corpo da autora, pelo parto discursivo, se distancia do pensamento racional e constitui-se de fragmentos. Considerando que a ficção adquire características de um ser vivo, discutiremos como Clarice Lispector constrói um fluxo textual que se liberta dos enquadramentos da convenção literária, observando que o que acontece no corpo de quem escreve é transposto no corpo do texto, que está em movimento. Portanto, ao propor uma nova maneira de produzir literatura ao escrever um texto fluido como a água, evidenciaremos que a autora faz com que os leitores busquem novas maneiras de experienciar a leitura. Por fim, Clarice Lispector também abre uma reflexão sobre o que se espera da literatura de autoria feminina, contribuindo com a libertação de outras autoras.