O presente trabalho analisa um recorte da cobertura da Folha de S. Paulo sobre o processo entre Johnny Depp e Amber Heard de abril a junho de 2022. O objetivo é investigar se o jornal, ao abordar o caso, usa estereótipos e atribui "funções" sociais ao feminino, resultando em sentidos que inferiorizam e culpabilizam as mulheres perante a sociedade. A análise demonstra como a narrativa do veículo ao abordar o lado de Heard delineia a violência de gênero, a posição de vítima e da mulher, e transmite regras sociais para a coletividade feminina. Ainda, examina como a mídia constrói sentidos que podem vir a influenciar as reações do público diante da violência de gênero e as possíveis consequências sociopolíticas disso. O trabalho também pontua como o status célebre dos envolvidos intensifica o impacto e alcance das subjetividades produzidas, o que pode favorecer o ciclo de comunicação da misoginia. Para isso, foram usadas as metodologias de revisão bibliográfica, baseada em autores como Rita Laura Segato e Edgar Morin, e análise do discurso de inspiração foucaultiana, aplicada em três matérias da Folha, escolhidas por terem publicação no período de julgamento do processo de difamação e por se referirem a fases dele. A relevância do trabalho se dá pela ampla discussão do caso na Web e necessidade de debater o papel da mídia na formação da opinião pública em gênero e violência.