O presente trabalho analisa e discute o papel assumido pela família junto ao serviço de saúde mental pós reformista CAPS (Centro de atenção psicossocial). Partindo de uma perspectiva histórica crítica que percebe a relação entre família e tratamento da loucura como uma relação de ambiguidade. Esta relação vem se estabelecendo como um campo que foi se alterando ao longo dos anos, com a família sendo compreendida de maneiras diferentes por aqueles que são responsáveis pela condução do tratamento em saúde mental, mas participando de algum modo deste processo. E com a utilização do conceito de Governamentalidade como trabalhados por Michel Foucault e Nikolas Rose, propõe se compreender como esta relação vem se colocando na relação cotidiana dos dispositivos de saúde mental, quais estratégias vêm sendo aplicadas para convocar e engajar a família no tratamento oferecido pelos CAPS. A partir disso compreendeu-se que a família se relaciona com o CAPS de maneiras diferentes, sendo acolhida por este em momentos de exaustão e sendo sempre convocada a uma participação ativa. Esta participação tem papel importante na gestão liberal da conduta realizada pelos CAPS e na sua promoção de autonomia.