As estatísticas de produtividade das últimas décadas cada vez mais chamam atenção para uma contradição entre a força da aceleração digital - e todos seus benefícios - e a desaceleração das taxas de produtividade a nível internacional. O objetivo deste trabalho é compreender a relação entre produtividade e digitalização, a fim de verificar se é possível utilizar uma estratégia baseada na incorporação de tecnologias digitais para reverter a trajetória recente de desaceleração produtiva dos países. Essa análise se deu a partir do estabelecimento de uma relação empírica entre eficiência e as variáveis relacionadas aos esforços de digitalização dos países, determinadas segundo algum dos principais pilares elencados para difusão das tecnologias digitais, isto é, o de Competências, Acesso a bens TICs, Uso de bens TICs e Investimentos em bens TICs. Para tanto, foram utilizados análises gráficas e um estudo econométrico, a fim de capturar em que medida os elementos centrais desse esforço afetavam a variação da produtividade do trabalho para o período 2013-2019 a nível país. A partir dessa investigação, foi possível comprovar que a mobilização de esforços em direção a um paradigma digitalizado teria impacto na produtividade e que, portanto, a incorporação das tecnologias digitais, se implementada em larga escala, também poderia afetar a produtividade. No entanto, tal condição é contrastada com evidências sobre o atual contexto das assimetrias internacionais em relação às condições de implementação dessas tecnologias e à inexpressiva redução do hiato produtivo entre países de renda alta e renda baixa nas últimas décadas. Sinalizando, portanto, algumas incertezas sobre uma possível estratégia de encurtamento de hiatos produtivos pautada na digitalização.