O presente trabalho objetivou compreendera consolidação da psiquiatria no Brasil e a sua relação, enquanto campo de saber e de práticas, com o projeto político mais amplo de controle social, tendo como eixo norteador de análise o gênero feminino (SCOTT, 1990) e o papel social destinado às mulheres no recorte temporal da primeira década do século XX, com foco nos anos de 1900 a 1904. Os estudos sobre a loucura possibilitaram, ao longo da história, importantes contribuições e análises de questionamento sobre o saber médico hegemônico. Além disso, permitem que o historiador se debruce sobre a própria sociedade, suas relações com instituições, saberes científicos e experiências individuais e coletivas de um determinado contexto. As mulheres tinham funções socialmente estabelecidas e reforçadas com os saberes médico-psiquiátricos, operando como uma importante ferramenta de controle social desse grupo. A função de procriar, ser uma boa esposa e do lar são questões intimamente relacionadas à condição das mulheres, que deveriam obedecer às normas e condutas sociais estabelecidas na esfera do poder burguês e patriarcal. A pesquisa analisou a relação entre os comportamentos sociais e sexuais considerados desviantes com o diagnóstico psiquiátrico de histeria, a partir dos documentos médicos do Hospício Nacional de Alienados.